Chamado de o “último cardeal” do carnaval de São Paulo, Seo Carlão do Peruche morreu nesta segunda-feira, 17, aos 94 anos. O sambista – de nome Carlos Alberto Caetano – era um dos fundadores do Unidos do Peruche, em 1956, uma das mais tradicionais e longevas escolas de samba paulistanas.

A história dele é o tema deste ano da escola, com o samba-enredo “Axé Grio! Carlão do Peruche, o Cardeal Preto do Samba”. O desfile será neste sábado, 22, pelo grupo de acesso.

“Carlão não foi apenas um ícone; foi um verdadeiro mestre, cuja dedicação e entrega transformaram o mundo do samba e inspiraram gerações de perucheanos e amantes da nossa cultura”, divulgou a escola de samba em rede social. “Neste momento de dor, encontramos consolo na certeza de que seu legado será eternamente celebrado”, completou.

A Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga-SP) lamentou a morte do Seo Carlão em nota. “Reconhecido como o último dos ‘cardeais do samba’ de São Paulo, grupo de líderes que, na década de 1960, lutou pela oficialização e reconhecimento das escolas de samba junto ao poder público, sua trajetória confunde-se com a própria história do carnaval paulistano”, apontou.

“Ao longo de sua vida, Seo Carlão dedicou-se intensamente à promoção e preservação da cultura do samba. Participou ativamente da transição dos desfiles carnavalescos para o Sambódromo do Anhembi e sempre defendeu a valorização das raízes e tradições do samba, mesmo diante das transformações e desafios enfrentados pelo carnaval ao longo dos anos”, destacou, ainda, a entidade.

Estava entre os seis sambistas responsáveis pela transformação do carnaval paulistano, ao lado de Xangô, da Vila Maria, Pé Rachado, do Vai-Vai, Madrinha Eunice, da Lavapés, Inocêncio Mulata, da Camisa Verde e Branco, e Seo Nenê, da Vila Matilde. Seo Carlão era de Pirapora do Bom Jesus, município da região metropolitana que é o berço do samba paulistano.

Dizia que, enquanto sua mãe frequentava a igreja, todos os finais de semana, seu pai o levava para um barracão onde acontecia o jongo, manifestação cultural considerado patrimônio imaterial brasileiro. Antes da fundação do Peruche, já participava do carnaval paulistana, com passagem também pela tradicional Lavapés.

Ao Estadão, em 2009, lamentou algumas mudanças nos desfiles. “Isso é só disputa de escolas de samba. Carnaval mesmo era como ocorria antigamente. Não isso aí”, afirmou à época, enquanto celebrava a escola e a continuidade da celebração pelas novas gerações, incluindo seus bisnetos.