08/01/2017 - 21:19
O ex-presidente iraniano Akbar Hashemi Rafsanjani, figura-chave na fundação da República Islâmica em 1979, morreu neste domingo, aos 82 anos, de infarto, anunciaram as agências de notícias Isna e Fars.
Em uma primeira reação, o guia supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, lamentou o desaparecimento de “um companheiro de luta” com quem “a colaboração remontava a 59 anos”, apesar das diferenças, em mensagem divulgada pela imprensa estatal.
“As opiniões e interpretações diferentes ao longo deste extenso período nunca acabaram totalmente com a nossa amizade”, assinalou.
O governo decretou três dias de luto oficial a partir de amanhã, e, no dia seguinte, será realizado o funeral, em Teerã.
Rafsanjani, presidente de 1989 a 1997, havia sido internado às pressas nesta tarde, no hospital Shohada, em Teerã, segundo uma fonte próxima a ele, Hosein Marashi, citado pelas agências.
Conservador pragmático, Rafsanjani, presidente do Irã de 1989 a 1997, teve a dura tarefa de conduzir a reconstrução do país após a guerra com o Iraque (1980-1988), e colocou em prática a política de abertura ao Ocidente.
Foi um colaborador próximo do imã Ruhollah Khomeini, fundador da República Islâmica do Irã em 1979
Ocupou diferentes cargos antes de se tornar presidente do país, em 1989, e, após deixar o cargo, em 1997, foi designado presidente do Conselho de Discernimento do regime, encarregado de aconselhar o guia supremo, aiatolá Ali Khamenei, e de mediar as diferenças entre o Parlamento e o Conselho de Guardiões da Constituição.
Nos últimos anos, sua influência nas instituições do Estado havia diminuído. Em 2013, o conselho de Guardiões da Constituição rejeitou sua candidatura à eleição presidencial devido à sua idade avançada.
Seu filho Mehdi Hashemi cumpre pena de 10 anos de prisão por acusações relacionadas à segurança nacional e por fraude e desvio de dinheiro.
Sua filha Faezeh Hashemi também foi presa, e condenada a seis meses de prisão, no fim de 2012, por “propaganda contra o regime”.
Seus dois filhos foram acusados de terem participado das manifestações de 2009 denunciando a reeleição de Mahmud Ahmadinejad como presidente. O movimento de protesto de então foi violentamente reprimido pelo governo.
Em 2009, os aliados de Rafsanjani haviam apoiado a candidatura de Mir Hosein Musavi contra Mahmud Ahmadinejad. Mas com o apoio de Rafsanjani e do ex-presidente reformista Mohamad Khatami, o atual presidente moderado, Hasan Rouhani, venceu as eleições de junho de 2013, contra os conservadores.
Em fevereiro de 2016, Rafsanjani obteve uma vitória simbólica ante os conservadores que haviam tentado isolá-lo no cenário político, ao ser eleito líder dos representantes de Teerã na Assembleia dos Especialistas, encarregada de designar e, eventualmente, destituir o guia supremo.
Nos últimos anos, Rafsanjani defendia com regularidade uma liberdade maior nos campos político, cultural e social. Também era a favor da retomada do diálogo com os Estados Unidos, com os quais foram rompidas relações há 37 anos.
Apoiou o acordo nuclear de julho de 2015 entre o Irã e as seis grandes potências mundiais, incluindo os Estados Unidos, considerados o principal inimigo da República Islâmica.
A morte de Rafsanjani significa uma perda importante para os moderados e reformistas, levando em conta que o guia supremo, aiatolá Ali Khamenei, deve nomear seu sucessor à frente do Conselho de Discernimento.