Laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a morte da estudante Alícia Valentina, no último dia 8, no Hospital da Restauração, no Recife-PE, foi provocada por “traumatismo craniano por objeto contundente”. A criança, de 10 anos, morreu após ser agredida dentro de uma escola municipal de Belém do São Francisco, no Sertão de Pernambuco. O caso é investigado pela Polícia Civil.

Alícia estava no 6.º ano do ensino fundamental e estudava na Escola Tia Zita, na cidade de Belém de São Francisco, a 480 km da capital Recife. Vinda de uma família de quatro irmãos, ela tinha uma irmã gêmea e outros dois irmãos. A mãe, separada do pai há anos, sustenta a família trabalhando como empregada doméstica.

Após ser agredida no último dia 4, a menina teve sangramento nos ouvidos e no nariz e foi levada ao Hospital José Alventino Lima, em Belém do São Francisco. Quando a estudante começou a vomitar sangue, foi encaminhada ao Hospital Regional Inácio de Sá, na cidade de Salgueiro e, em seguida, transferida para o Hospital da Restauração, no Recife. Quatro dias depois, teve morte cerebral.

Um estudante de 12 anos foi apreendido na quinta-feira, 11, por decisão da Justiça, suspeito de ser o agressor que provocou a morte de Alícia. Por meio de nota, a Polícia Civil de Pernambuco informou que “a Delegacia de Belém do São Francisco cumpriu mandado de internação provisória de um adolescente por ato infracional análogo ao crime de lesão corporal seguida de morte”.

Ainda de acordo com a polícia, “o adolescente foi localizado próximo ao distrito de Nazaré, na zona rural do município de Floresta.” A apreensão foi decretada pelo Juízo da Comarca do município.

O Estadão apurou que, por volta das 13h do último dia 4, enquanto os estudantes estavam aglomerados no pátio da escola antes de entrarem na sala de aula, Alícia foi abordada por uma criança. A perseguição terminou no banheiro, quando a criança tentou dar um beijo em Alícia, enquanto os demais colegas assistiam a tudo da porta e impediam que outras pessoas entrassem no local. Como Alícia recusou o beijo, o agressor teria batido no rosto dela, que caiu e bateu a cabeça na quina da parede.

“Não só a nossa família, mas toda a sociedade de Belém quer justiça”, diz Jacira Lima, prima de Anna Vilcar Lima, mãe da garota Alícia. Ela já lecionou na Tia Zita, nos anos de 2019 e 2020. “Lá sempre foi uma escola tranquila. Tinha confusão de professor com aluno, de aluno com aluno, coisa normal de escola, mas nada como essa tragédia que aconteceu.”

A prefeitura de Belém do São Francisco lamentou a morte de Alícia e negou erro médico no atendimento à garota. “Não houve negligência médica ou alta hospitalar pelos profissionais da saúde que realizaram o atendimento da menor Alícia Valentina no Hospital do município Dr. José Alventino Lima. Salientando que a menor foi levada para casa, por sua mãe, sem autorização da médica plantonista. Informamos, ainda, que o caso foi devidamente encaminhado às autoridades competentes, responsáveis pela investigação das circunstâncias do ocorrido”, diz a nota.