26/05/2020 - 20:23
Quatro policiais de Minneapolis foram demitidos nesta terça-feira (26) após a morte de um cidadão americano negro após uma prisão violenta, o que provocou indignação nesta cidade do norte dos EUA.
A família de George Floyd denunciou uso “excessivo e desumano” de força contra ele, e acusou a polícia de racismo.
+ OMS critica racismo de cientistas que querem que África seja ‘terreno de testes’ para vacina contra coronavírus
+ Biden diz que ‘não é negro’ o afro-americano que considerar votar em Trump
“Todos os quatro policiais de Minneapolis envolvidos na morte de George Floyd foram demitidos”, escreveu no Twitter o prefeito, Jacob Frey, ao considerar a demissão uma “boa decisão”.
“Ser negro nos Estados Unidos não deveria ser uma sentença de morte”, disse Frey pouco antes, durante uma coletiva de imprensa na qual concordou que era normal as pessoas ficarem com raiva.
Nesta terça, cidadãos de Minneapolis depositaram flores no local da prisão. Alguns carregavam cartazes nos quais estavam escrito: “Parem de matar negros”.
Alguém que passava no local do ocorrido com Floyd filmou por 10 minutos a prisão na última segunda-feira à noite e a transmitiu ao vivo no Facebook Live.
Nas filmagens, um policial branco mantém o homem negro, de cerca de 40 anos, de bruços no chão, enquanto aperta o seu pescoço com o joelho.
O detido reclama por minutos sobre não conseguir respirar e estar sentindo dor, enquanto o policial diz para ele permanecer calmo. Um segundo policial teme que os pedestres acabem se aproximando, ao começarem a repreendê-los por perceber que Floyd não se mexia mais e parecia estar inconsciente.
“Ele não respirava mais, não se mexia mais, verifiquei o seu pulso”, relatou uma testemunha enquanto a polícia esperava uma ambulância chegar ao local, que demorou vários minutos.
Floyd foi levado a um hospital, onde morreu pouco depois.
Um porta-voz da polícia disse na segunda que o homem, que parecia bêbado ou drogado, resistiu ao ser preso por policiais por um crime de falsificação.
Depois de algemá-lo, o policial teria “percebido que o suspeito tinha um problema médico” e chamou a ambulância, segundo o porta-voz.
O caso lembra o de Eric Garner, um afro-americano que morreu asfixiado em Nova York durante sua prisão, também por policiais brancos, em 2014.
Esse caso contribuiu para o nascimento do movimento Black Lives Matter e provocou uma onda de protestos nos Estados Unidos.
Como resultado desse caso, a polícia de Nova York e Los Angeles proibiu métodos imobilização de suspeitos, como o que consiste mantê-lo de bruços no chão.
– “Um insulto” –
O advogado da família de Floyd, Benjamin Crump, denunciou “uso abusivo, excessivo e desumano da força” por um delito “não violento”.
Crump também é advogado da família de Ahmaud Arbery, um homem negro morto por dois brancos em fevereiro, no estado da Geórgia, em um caso que causou indignação depois que o vídeo foi divulgado.
O chefe da polícia local indicou que o FBI investigará o ocorrido.
A associação de direitos civis (ACLU) denunciou a violência policial sem justificativas contra os negros.
“O público viu o vídeo, dizer que se trata de ‘um incidente médico’ é um insulto”, acrescentou.