02/07/2021 - 19:58
Como é possível que pessoas vacinadas com as duas doses possam morrer em decorrência da covid-19? Esta dúvida é comum e mostra um erro apontado por diversos especialistas da saúde: a vacina não é milagrosa. Apesar de reduzir drasticamente as chances de desenvolvimento da doença, a vacina não impede infecções pelo coronavírus e nem o tira de circulação.
No entanto, os casos de óbito após a imunização completa são excepcionalmente raros. Dados do Ministério da Saúde, divulgados pela CNN Brasil em maio deste ano, mostram que ocorre uma morte a cada 25 mil pessoas que tomaram as duas doses da vacina, o que representa 0,004%.
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Estes casos são singulares e podem ser explicados em contextos pessoais. O caso do cantor Agnaldo Timóteo ilustra a questão: ele foi internado apenas dois dias após a segunda dose e morreu em 3 de abril deste ano. Neste caso, a imunização não estava completamente ativa pois as vacinas oferecem plena imunização após 15 dias da segunda dose. Pior: se ele já estava infectado com o coronavírus, a segunda dose pode ter reforçado a carga viral em seu organismo.
O fato de existirem óbitos em pessoas vacinadas não significa que os imunizantes não são eficazes – nenhuma vacina disponível no mercado garante 100% de proteção a 100% das pessoas que a tomarem. Quadros clínicos pré-existentes, como diabetes e problemas pulmonares, podem agravar uma infecção de covid-19, mesmo com a imunização.
Por isso, além da vacinação em massa, é essencial manter o uso de máscara e isolamento social para diminuir a circulação do vírus e evitar novas variantes que não sejam protegidas pelas vacinas. Quanto mais o vírus circula, maior a chance de infecção (a vacina não interfere na possibilidade de contração do vírus) e maior a chance de desenvolver formas leves, moderadas ou até graves da doença – todas as vacinas são extremamente poderosas para evitarem a forma grave da covid-19, mas nenhuma é absolutamente infalível.
Segundo o Ministério da Saúde do Chile, país que se vacinou majoritariamente com a CoronaVac, um estudo com 10,5 milhões de pessoas mostrou que o imunizante tem 80% de efetividade para prevenir mortes 14 dias depois da segunda dose. Os resultados mostram que a vacina chinesa foi efetiva em 89% para evitar a internação de pacientes críticos em UTIs, em 85% para prevenir as hospitalizações e 67% para impedir a infecção sintomática da doença.
A Deutsche Welle analisou casos de óbitos após a vacinação em diversos países europeus e concluiu que suas autoridades sanitárias não encontraram ligações causais diretas entre a vacinação e a morte. Na Alemanha, 10 idosos entre 79 e 93 anos que faleceram nessas condições apresentavam doenças pré-existentes – chamadas de “mortes acidentais”, uma vez que as causas de óbito não estão ligadas à imunização. Situações semelhantes foram identificadas também na Espanha, Estados Unidos, Noruega, Bélgica e Peru.