Com artistas de nove países, chega hoje (1º) à capital paulista a quinta edição da Mostra Internacional de Teatro (MIT). Um dos espetáculos que abre a primeira noite do festival é o Suíte n°2, que leva ao palco 15 idiomas, passando pelo francês, língua nativa do diretor Joris Lacoste, e atravessa o mundo com o chinês, russo e sânscrito. O trabalho faz parte de um projeto maior – a Enciclopédia da Fala – que desde 2007 pesquisa diversos discursos ao redor do planeta e o impacto deles na realidade.

A relação com a palava é um dos eixos da mostra deste ano, que conecta o Suíte nº2 com o único trabalho brasileiro na parte internacional do festival, a performance A Gente se Vê por Aqui, de Nuno Ramos. Nele, dois atores, com fones de ouvido conectados ao vivo com a programação da Rede Globo, interpretarão os programas televisivos por 24 horas. Para o curador do MIT, Antonio Araújo, apesar de Ramos ter um trabalho que vem das artes plásticas, o projeto se conecta bem com o festival.

Várias linguagens

“A gente pensa teatro como uma cena expandida”, afirma Araújo para explicar que apesar do nome da mostra trazer a ideia do foco no teatro, a ideia é contemplar trabalhos que façam interaçaõ com diversas linguagens, como a música e a ópera. “Nesse sentido, cabe totalmente o trabalho do Nuno. Uma performance feita, inclusive, com atores”, acrescentou.

A programação internacional é formada por dez montagens. Além disso, há uma plataforma voltada para a internacionalização de produções brasileiras, com 11 projetos de São Paulo, do Rio de Janeiro, Paraná, de Pernambuco, Brasília e Minas Gerais. Os trabalhos serão assistidos, segundo Araújo, por programadores de diversas partes do mundo, com a intenção de que os espetáculos possam ser apresentados no exterior.

Conquistas e dificuldades

Ao mesmo tempo, o curador ressalta que este ano foi possível concretizar a intenção de trazer para a programação espetáculos com renome fora do país. “Tem alguns trabalhos com os quais a gente dialoga há muitos anos, que a gente nunca tinha conseguido trazer, que é o caso do Krystian Lupa e do Marthaler”, exemplificou.

A montagem King Size, dirigida suíço pelo suíço Christoph Marthaler, explora sons, canções e músicas dissonantes, interpretadas por um homem e uma mulher em um cenário de quarto de hotel. O polonês Lupa comanda uma adaptação do livro Árvores Abatidas, de Thomas Bernhard. A história parte de um jantar de reencontro de um velho grupo de artistas. Os 13 personagens dialogam sobre temas como o papel da arte e a liberdade.

Apesar de destacar a qualidade das produções deste ano, o curador lamenta que as dificuldades de captação de recursos tenham reduzido o tamanho da mostra nos últimos dois anos. “Este ano, novamente, a gente teve retração de custos. Mas a gente está conseguindo fazer uma mostra com bastante peso, está resistindo e lutando para que a mostra possa continuar acontecendo”.

A programação completa da MIT pode ser vista na página http://mitsp.org/2018/