A Motiva, ex-CCR, anunciou na noite desta terça-feira, 18, a venda integral de sua plataforma de aeroportos para a Aeropuerto de Cancún, S.A. de C.V., subsidiária do Grupo Aeroportuario del Sureste, S.A.B. de C.V. (ASUR). A ASUR opera nove aeroportos no México e outros sete na América Latina.

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A transação, avaliada em R$ 11,5 bilhões, refere-se à alienação de 100% das ações que a Motiva detinha na CPC Holding, veículo que consolida a participação da companhia em seus 20 aeroportos. O valor total compreende R$ 5 bilhões em equity pelas participações acionárias e R$ 6,5 bilhões em dívidas líquidas.

A negociação, que a Motiva classificou como o maior processo competitivo internacional aeroportuário em curso no mundo, superou as expectativas da companhia e atraiu mais de 20 grupos da Europa, América Latina e Ásia.

A venda do conjunto de aeroportos é um avanço na estratégia de simplificação do portfólio, diz a Motiva. A iniciativa faz parte do plano estratégico batizado ‘Ambição 2035’, que prioriza o crescimento rentável nos segmentos de rodovias e trilhos.

“Ao avançarmos na reciclagem de capital e simplificarmos o nosso portfólio, ampliamos a nossa capacidade de investimento nos segmentos estratégicos para nossa companhia, em especial de rodovias e trilhos. Esta transação, de alta relevância para a execução de nosso Plano Estratégico Ambição 2035, vai destravar valor em nosso portfólio e simplificar nosso modelo de negócio, fortalecendo a nossa posição para liderarmos o futuro da mobilidade no Brasil,” afirmou o CEO da Motiva, Miguel Setas, em comunicado.

O múltiplo EV/EBITDA (at stake) dos ativos foi precificado em 8,8x, acima do múltiplo atual da Motiva, o que, segundo a companhia, proporciona a criação de valor.

Com a conclusão do negócio, a alavancagem consolidada da Motiva deve cair de 3,5 vezes para menos de 3,0 vezes. A companhia afirma que esta queda ampliará sua capacidade financeira para fazer frente ao pipeline de R$ 160 bilhões em oportunidades mapeadas para os próximos anos em concessões rodoviárias, de trens e metrôs no Brasil.

Plataforma de Aeroportos

A Motiva Aeroportos, que agora será integralmente vendida à ASUR, é composta por 20 operações aeroportuárias na América Latina, sendo 17 no Brasil e três em outros países da região. O conjunto de ativos movimentava anualmente cerca de 45 milhões de passageiros e possuía mais de 200 rotas regulares, configurando-se como a terceira maior operação do Brasil. Entre os ativos estratégicos, estão os aeroportos de Curitiba, Belo Horizonte e Goiânia.

Nos 12 meses encerrados no terceiro trimestre de 2025, o negócio de aeroportos da companhia registrou Receita Líquida de R$ 2,96 bilhões e EBITDA de R$ 1,52 bilhão, com margem de 51%, além de 524 mil toneladas de carga movimentadas.

A conclusão da operação depende da aprovação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de credores e das aprovações regulatórias nas demais jurisdições onde a Motiva Aeroportos possui operações. Até o fechamento, a Motiva continuará à frente da operação, mantendo o quadro de colaboradores e assegurando o cumprimento integral dos contratos e investimentos previstos.