O empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, motorista do Porsche que bateu contra um Renault Sandero e causou a morte de um homem de 52 anos, se apresentou no 30º Distrito Policial do Tatuapé, zona leste da capital, na tarde desta segunda-feira, 1º.

O motorista do carro de luxo, avaliado em cerca de R$ 1 milhão, começou a prestar depoimento, acompanhado por dois advogados. Andrade Filho não falou com a imprensa. A advogada Carine Acardo Garcia, que defende o motorista da Porsche, afirmou que ele se encontra em “estado de choque”.

O delegado responsável do caso deverá indiciar o empresário pelos crimes de dolo eventual, quando se assume o risco de morte e lesão corporal ao colega que estava no banco do carona, no carro de luxo. Ele também deverá ser indiciado por fuga do local do acidente, sem prestar socorro às vítimas.

O motorista de aplicativo, Ornaldo Viana, de 52 anos, que conduziu o Sandero, chegou a ser socorrido com um quadro de parada cardiorrespiratória e encaminhado ao Hospital Tatuapé. Ele morreu por causa de “traumatismos múltiplos”.

Pelas imagens, é possível perceber a violência da colisão, que leva os dois carros para o canteiro da avenida. Um deles bate no poste de luz, o que provoca a queda imediata de energia elétrica no quarteirão.

Conforme relato feito por testemunhas à Polícia Civil, o empresário do carro de luxo seguia em alta velocidade pela avenida, que tem limite de 50 km/h. Ao fazer a ultrapassagem, ele teria perdido o controle do Porsche e batido contra a traseira do Sandero branco. As circunstâncias do acidente estão sendo investigadas pela Polícia Civil.

A Polícia Civil também investiga as razões para os policiais militares que atenderam à ocorrência terem liberado o empresário, que se apresentou quase 40 horas depois do incidente.

No registro da ocorrência, policiais que atenderam o caso afirmam que a mãe de Andrade Filho compareceu ao local e disse que levaria o filho ao Hospital São Luiz, localizado no Ibirapuera, zona sul, para tratar de um ferimento na boca. Quando os agentes foram até ao hospital para fazer o teste do bafômetro e colher sua versão do acidente, eles não encontraram nenhum dos dois.

Policiais civis ouvidos pela reportagem sob sigilo disseram que os policiais militares demoraram quase cinco horas para comunicar o acidente com morte à delegacia.

O ouvidor Claudio Silva disse à reportagem do Estadão que a Ouvidoria da Polícia Civil irá acionar a Corregedoria da Polícia Militar ainda nesta segunda-feira, 1, para apurar a conduta dos agentes.

A pasta afirma que vai analisar a “dinâmica da ocorrência para identificar eventual erro de procedimento operacional”. A secretaria não precisou quanto tempo levou entre a chegada da PM ao local e o registro da ocorrência.