29/03/2022 - 10:42
O aumento no preço dos combustíveis levou entregadores e motoristas de aplicativos a marcarem uma paralisação de suas atividades a partir desta terça-feira (29). Os trabalhadores reivindicam melhores condições de trabalho e porcentual maior de ganhos nas corridas.
Os organizadores buscam mobilização em ao menos 16 cidades brasileiras, incluindo São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Teresina, Aracaju e Manaus.
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No Rio de Janeiro, a Associação de Profissionais por Aplicativo (APP) convoca manifestação nacional “por reajuste nas tarifas”. Junto Associação Driver do Rio de Janeiro (ADRJ) e Sindicato dos Prestadores de Serviços por Meio de Apps e Software para Dispositivos Eletrônicos do Rio de Janeiro (Sindmobi), a entidade planeja um ato em frente à sede da Uber.
“A Uber e 99 enganam dizendo que houve reajuste e plantam matéria paga para forçar o uso do ar-condicionado. A verdade é que o reajuste não chegou até nós e mesmo que chegasse, nos valores propostos (5% da 99 e 6,5% da Uber) não cobrem nem de longe o custo de manter o ar ligado. Quando estamos há anos sem reajuste qualquer real por km rodado faz diferença. Vocês têm pago mais, nós recebemos menos e os apps ganham sozinhos”, diz a APP em rede social.
Já em São Paulo, a greve é convocada para a próxima sexta-feira (1) por Paulo Lima, o “Galo”, uma das lideranças dos Entregadores Antifascistas. Em rede social, ele convoca a repetir o “apagão dos apps”, que ocorreu em 1 de abril de 2020.
Além da paralisação, Lima pede a adesão de internautas a partir da hashtag #apagaodosapps.
Posicionamento das empresas
Em contato com a reportagem, a Uber argumenta que lançou um pacote de medidas para mitigar os custos dos motoristas parceiros devido à recente alta no preço dos combustíveis.
“Estão sendo investidos cerca de R$ 100 milhões em iniciativas como promoções de ganhos adicionais e parcerias que ajudam a reduzir os custos dos parceiros, além de um reajuste temporário no preço das viagens. O preço das viagens intermediadas pela plataforma foi reajustado temporariamente em 6,5%, com o objetivo de ajudar os motoristas parceiros a lidar com o pico de alta em seus custos operacionais”, diz a Uber sobre sua iniciativa global diante do cenário causado pela invasão russa sobre a Ucrânia.
“Sabemos que motoristas estão entre os primeiros a sentir o impacto dos preços recordes dos combustíveis, então estamos implementando essas iniciativas para ajudá-los. Esperamos que essas ações emergenciais colaborem para reduzir os impactos no dia a dia, mas continuaremos ouvindo nossos parceiros, especialmente neste momento”, afirma Silvia Penna, diretora-geral da Uber no Brasil.
Já a 99 diz que reconhece e respeita o direito de livre manifestação e está sempre aberta ao diálogo. A empresa alega que lançou, em 23 de março, um auxílio de R$ 0,10 por km rodado a cada R$ 1 de aumento no preço da gasolina.
“Em São Paulo, em uma corrida de 12 km, que gasta 1 litro na média para carro popular, o reajuste é de R$ 2,04 para este trecho. Ou seja, o motorista recebe um valor superior por litro se comparado à diferença atual que paga pelo combustível, cerca de R$1,65”, diz a 99 em nota à reportagem. “O adicional será reajustado automaticamente e mensalmente, de acordo com o valor da gasolina informado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP)”.