07/02/2014 - 21:00
Cada torre corporativa ou prédio residencial que desponta no horizonte de metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília é acompanhada atentamente pelos executivos da subsidiária da Vitra, fabricante suíça de móveis de design. O interesse em relação aos rumos do mercado imobiliário latino-americano se deve ao fato de esse filão representar a maior fatia de suas vendas no mercado nacional. Com móveis assinados por designers de prestígio global, a Vitra tem como foco os consumidores com cacife suficiente para desembolsar até R$ 50 mil por um sofá ou investir R$ 1,5 mil numa cadeira de plástico, assinadas por designers do quilate do dinamarquês Verner Panton.
Cadeira de R$ 1,5 mil: Lúcia diz que a produção local
ajudará a reduzir o preço de venda
O quartel-general da Vitra, que reúne escritórios e showroom, foi instalado em um condomínio empresarial na Vila Madalena, bairro descolado da zona oeste de São Paulo. A inclusão do Brasil no radar da empresa é uma peça importante de sua estratégia de expansão internacional.“Diante da perspectiva de recessão prolongada na Europa, a marca resolveu ampliar as apostas nos mercados emergentes”, afirma Lúcia Susuki, diretora-geral da Vitra Brasil. O primeiro negócio foi fechado antes mesmo da abertura oficial da filial, marcada para o dia 13 de fevereiro – informalmente, a abertura ocorreu na segunda quinzena de janeiro.
A Vitra vai fornecer as cadeiras que vão mobiliar as áreas de embarque do novo terminal do Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). Trata-se de um filão no qual a companhia tem uma longa experiência. Seu mobiliário equipa a ala vip da SwissAir, no aeroporto de Zurique. Lúcia não revela o valor do contrato, alegando que a matriz da Vitra, na cidade da Basileia, tem por tradição manter seus números em sigilo. “Por se tratar de uma empresa familiar, os executivos da Vitra são proibidos de falar em cifras”, diz. A expectativa com o Brasil é tamanha que os suíços decidiram também produzir localmente móveis para escritórios e residências.
A fábrica, que começa a operar em julho, ficará também em São Paulo. Com isso, será possível cumprir dois objetivos: transformar o País em uma base de exportações para a América Latina e aumentar a competitividade das principais linhas de mobiliários da Vitra, como cadeiras, poltronas e estações de trabalho. Até então, os clientes na região eram atendidos por representantes e distribuidores. Segundo Lúcia, a produção local ajudará a reduzir o preço final em até 50%, por conta das economias com os custos de importação e com a margem de lucro que era paga ao distribuidor.
Trata-se de um diferencial competitivo interessante, em um momento no qual a oferta, via importação, vem crescendo bastante. “O mercado de móveis de design para o segmento corporativo está bastante concorrido”, afirma Marcelo Prado, diretor da consultoria paulistana Iemi – Inteligência de Mercado, especializada no setor moveleiro. No ano passado, o faturamento do setor, incluindo todos os nichos, atingiu a marca de R$ 35 bilhões e cresceu 10% em relação a 2012. Nesse contexto, diz o consultor, quanto mais próxima a empresa estiver dos chamados especificadores (arquitetos e projetistas), melhor.