O crédito consignado do Auxílio Brasil que será oferecido pela Caixa Econômica Federal foi contestado pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU). Os órgãos pedem a suspensão do benefício.

Para o subprocurador Lucas Furtado, a liberação do crédito é interpretada como desvio de finalidade e objetivo meramente eleitoral. Além disso, ele aponta que a concessão oferece risco de prejuízo para a Caixa e para o erário.

Consignado do Auxílio já emprestou R$ 1,8 bilhão

“Venho diante do TCU externar extrema preocupação e denunciar atos praticados pela Caixa  Econômica  Federal,  possivelmente  em  desvio  de  finalidade,  que  se  tornaram públicos  e  notórios,  e  ao  final  requerer  dessa  Corte  de  Contas  as  medidas  cabíveis  para evitar prejuízo aos cofres daquele banco público, bem assim para reestabelecer a moralidade da Administração Pública”, escreveu Furtado no despacho em que a Istoé Dinheiro teve acesso.

Ele pede que seja adotada medida cautelar determinando à Caixa que se abstenha de realizar novos empréstimos consignados para os beneficiários do Auxílio Brasil até que a Corte se manifeste.

Furtado aponta que a medida seria uma manobra eleitoral do governo de Jair Bolsonaro. “No  cenário  atual,  com  a  aproximação  do  segundo  turno  das  eleições  e  com  as dificuldades  enfrentadas  pelo  Presidente  nas  pesquisas  de  intenções  de  voto,  tudo  indica tratar-se  de  medida  destinada  a  atender  prioritariamente  interesses  políticos-eleitorais,  que relegam o interesse público a segundo plano, com vistas à obtenção de benefícios pessoais em detrimento da população”, afirma o procurador em representação do Ministério Público junto ao TCU. O processo ainda não foi aberto.

Consignado do Auxílio Brasil

A Caixa Econômica Federal passou a oferecer, desde terça-feira (11) empréstimo consignado para beneficiários do Auxílio Brasil com juros de 3,45% ao mês. A prestação máxima é de 40% do valor do Auxílio Brasil antigo, de R$ 400. A parcela mínima é de R$ 15. A duração do empréstimo é de até 24 meses.

Até o momento, 700 mil pessoas já procuraram a modalidade, com liberação de R$ 1,8 bilhão.

A medida já foi criticada por entidades e especialistas porque os recursos do programa costumam ser usados para compras de primeira necessidade. Mas o empréstimo pode comprometer a renda do beneficiário, já que até 40% do benefício pode ser descontado antes do pagamento para pagar o consignado.