14/09/2016 - 19:16
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o “comandante máximo” da rede de corrupção que desviou bilhões de reais da Petrobras – afirmou nesta quarta-feira (14) o procurador Deltan Dallagnol, ao apresentar a denúncia contra o petista.
O Ministério Público Federal (MPF) solicita à Justiça que acuse Lula formalmente “como comandante máximo do esquema de corrupção” revelado pela Operação Lava-Jato e que atuou na Petrobras, declarou Dallagnol, que lidera a equipe de procuradores, em entrevista coletiva em Curitiba.
Agora, o juiz do caso, Sergio Moro, deverá decidir se aceita a denúncia contra Lula.
Segundo o procurador, neste caso – um dos inúmeros desse expediente que compõe “o maior escândalo de corrupção da história do Brasil” -, Lula recebeu cerca de R$ 3,7 milhões reais “em propina”, pagos “dissimuladamente”.
“Sem o poder de decisão de Lula, esse esquema seria impossível”, afirmou Dallagnol.
Ele relatou ainda que se teria constatado que a construtora OAS, uma das principais empreiteiras envolvidas no escândalo de suborno na Petrobras, transferiu recursos para o ex-presidente por meio da reforma do tríplex no Edifício Solaris, no Guarujá, e do armazenamento de bens pessoais.
Lula e sua mulher, Marisa Letícia, foram denunciados hoje pelo MPF. O petista já havia sido acusado de obstrução da Lava-Jato.
Segundo os procuradores da força-tarefa da Lava Jato, o governo de Lula implantou uma “propinocracia”, um “governo regido pelas propinas”, que distribuiu cargos entre alinhados e apadrinhados com a finalidade de arrecadar dinheiro.
O objetivo era alcançar a governabilidade, perpetuar o Partido dos Trabalhadores no poder e permitir o enriquecimento ilícito de agentes públicos e políticos.
“Foi montado um colchão de recursos ilícitos para abastecer futuras campanhas eleitorais no contexto de uma perpetuação criminosa no poder”.
“As evidências apontam que o petrolão era apenas parte de um quadro muito maior, que é a ‘propinocracia’, ou o governo regido pelas propinas”, declarou o procurador Deltan Dallagnol.
“Tudo isso nos leva a crer, para além de qualquer dúvida razoável, que Lula era o maestro dessa grande orquestra concatenada para saquear os cofres públicos”.
“Sem o poder de decisão de Lula, este esquema seria impossível”, afirmou o procurador.
O ex-presidente nega todas as acusações, muitas das quais já haviam sido reveladas por investigações policiais que fazem parte do processo. Nessa nova denúncia, porém, ele surge como o grande orquestrador do esquema.
Em entrevista em São Paulo, nesta quarta-feira (14), o advogado da defesa, Cristiano Zanin Marins, acusou o MPF de recorrer a “discurso farsesco”.
“A denúncia em si perdeu-se em meio ao deplorável espetáculo de verborragia”, criticou Zanin Marins, alegando que, por falta de provas sobre qualquer crime cometido por Lula, o Ministério Público “apelou a um discurso farsesco”.
O “Petrolão” foi um sistema que operou por uma década na Petrobras. Por meio desse esquema, as maiores empreiteiras do país subornavam executivos da companhia, indicados por partidos, em troca de contratos.
As empresas superfaturavam o valor das obras, e seu excedente era distribuído entre os partidos da base aliada para financiar campanhas, assim como entre os participantes, para seu enriquecimento pessoal.