08/08/2012 - 21:00
Papéis avulsos
Filiais da construtora MRV Engenharia, no interior de São Paulo, foram incluídas no cadastro do Ministério do Trabalho de empregadores autuados por exploração de trabalho escravo. A inclusão, no dia 31, fez as ações da companhia na bolsa caírem 9,4% em dois dias, com o temor do mercado sobre os efeitos da restrição de crédito dos bancos públicos daqui para a frente. O programa Minha Casa, Minha Vida de habitação popular é a maior fonte de receita da MRV. Em comunicado, a empresa afirmou ter sido surpreendida pela medida e assegurou estar tomando providências para tirar seu nome da “lista suja”. O ministério informou que a exclusão do cadastro se dá depois de dois anos de monitoramento e após o pagamento das multas trabalhistas. Enquanto estiver na lista, a empresa não pode receber financiamento de bancos públicos. A Caixa informou que antes de restringir recursos, “solicita informações sobre a inclusão do infrator no cadastro”. Segundo o banco estatal, as operações já contratadas estão mantidas, ou seja, a MRV continua no páreo.
Palavra do analista: para Flavio Conde, da CGD Securities, a reação do mercado foi exagerada e a empresa deve conseguir reverter o quadro. “É uma empresa bem administrada e isso não vai mudar”, diz. O efeito das restrições sobre a receita futura da empresa ainda não está claro.
Educação
Estácio continua comprando
O apetite por aquisições da rede de ensino carioca Estácio, presidida por Rogério Melzi, está aguçado. Na quarta-feira 1º, a empresa anunciou a compra de mais duas faculdades — já são cinco negócios neste ano. A incorporação das Faculdades Rio-grandenses, de Porto Alegre, por R$ 9,32 milhões, reforça a Estácio na região Sul, onde já tem mais de nove mil alunos. Na Paraíba, o grupo adquiriu a Faculdade Uniuol por R$ 1,7 milhão.
Destaque no pregão
Surpresa positiva com a Gerdau
O lucro líquido da Gerdau subiu 9% no segundo trimestre de 2012, para R$ 549 milhões. O resultado ficou acima da expectativa dos analistas e a companhia anunciou estar retomando o projeto de uma nova usina no México, com investimento total de R$ 1,1 bilhão. Em relatório, os analistas da Corretora Concórdia afirmaram que, com o resultado, as perspectivas para a siderúrgica gaúcha são favoráveis. A Gerdau tende a se beneficiar dos programas de incentivo ao investimento em infraestrutura na América Latina, estímulos à retomada da produção industrial no Brasil e de melhora do cenário para a construção civil.
Varejo
Lucro da BR Malls dispara
A BR Malls, dona de participações em 48 shoppings, viu o seu lucro líquido do segundo trimestre quadruplicar, em relação ao mesmo período de 2011, para R$ 461,7 milhões, por conta da valorização dos imóveis de sua propriedade. A carteira de empreendimentos da BR Malls vale R$ 13,7 bilhões. No trimestre, a receita líquida da companhia cresceu 35% sobre 2011.
Touro x Urso
O rumo das bolsas mundiais nas próximas semanas dependerá do socorro aos países europeus em crise, como a Espanha. O Banco Central Europeu (BCE) poderá comprar em breve títulos de curto prazo de países, mas não está claro se também pretende interferir no mercado de papéis mais longos, que são importantes para definir o custo do dinheiro na Zona do Euro. O mercado também aguarda medidas de estímulo à economia dos Estados Unidos.
Cartões
BB e Bradesco criam novo banco
Banco do Brasil e Bradesco estão criando um novo banco para abrigar as operações de crédito ligadas aos cartões da bandeira Elo. Ainda sem nome, o banco está em fase de estruturação junto ao Banco Central. Será voltado a empréstimos para as classes C e D. A instituição absorverá a carteira de crédito da promotora de vendas Ibi, de R$ 600 milhões. O banco será gerenciado sob a estrutura da Alelo, que hoje atua principalmente com cartões pré-pagos de alimentação e refeição.
Mercado em números
SulAmérica
R$ 5,1 bilhões - Foi a receita em prêmios que a seguradora obteve no primeiro semestre do ano, um aumento de 14,2% diante de 2011. O segmento odontológico foi o que mais cresceu: 40% .
Oi
R$ 1,3 bilhão - Foi o quanto a empresa de telefonia perdeu em valor de mercado na quarta-feira 1º, após divulgar seu balanço. O lucro da companhia caiu 80% no segundo trimestre, para apenas R$ 64 milhões.
TIM
R$ 347 milhões - Foi o lucro líquido da companhia no segundo trimestre, estável se comparado ao ano anterior. Já o Ebitda (geração de caixa) aumentou em 6,68%, para R$ 1,2 bilhão.
ABC Brasil
3.000% - Foi o aumento das provisões para perdas com crédito, no segundo trimestre. Por isso, o lucro líquido do banco recuou 8,6% sobre o mesmo periodo de 2011, para R$ 55 milhões.
Embraer
R$ 289,5 milhões - Foi a despesa da fabricante de aeronaves com impostos no segundo trimestre, mais de dez vezes a incorrida no mesmo período do ano passado. A alta do dólar e seu impacto sobre os estoques foi a principal razão da maior incidência de tributos. O lucro da empresa caiu 25,3%, para R$ 114,8 milhões.
Pelo mundo
Facebook impacta lucro do UBS
O lucro líquido do maior banco suíço, o UBS, caiu 60% no segundo trimestre do ano, em relação ao mesmo período de 2011, de US$ 1 bilhão para US$ 425 milhões. Os problemas durante o IPO do Facebook geraram perdas de US$ 350 milhões ao banco, que informou que entrará na Justiça contra a Nasdaq para tentar recuperar o prejuízo.
Lucro da BMW engasga
O lucro líquido da alemã BMW recuou 28% no segundo trimestre, para US$ 1,55 bilhão. O revés aconteceu por conta do aumento de custos com funcionários e investimentos em novas tecnologias. No segundo trimestre, a receita líquida avançou 7,3%, para US$ 23,34 bilhões.
Lucro suculento dos brasileiros na Burger King
A rede de fast-food Burger King, controlada pelo fundo de investimentos 3GCapital, dos investidores Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, comemorou crescimento de 37% no lucro líquido, no segundo trimestre, para US$ 48,2 milhões. O corte de despesas contribuiu para o resultado.
Personagem
Cesp ansiosa por decisão do governo federal
A segurança sempre foi um dos motivos para comprar ações de empresas de energia: as companhias tinham fluxos de caixa estável e garantiam bons dividendos. Essa perspectiva mudou: os investidores aguardam ansiosos pela decisão do governo federal sobre as concessões públicas que vencem em 2015, que deve ser anunciada em breve. Uma das mais afetadas é a paulista Cesp, presidida por Mauro Arce, que falou à DINHEIRO.
Mauro Arce, presidente: “Estamos prontos para expandir,
mas aguardamos definição”.
Como o vencimento das concessões em 2015 pode afetar a Cesp?
Em 2015 vencem as concessões de 23% da geração hidrelétrica brasileira. Na Cesp, vencem as das usinas de Ilha Solteira e de Jupiá, que representam 67% da nossa potência instalada. Esperamos que elas sejam renovadas. Temos bons indicadores de desempenho e qualidade e, portanto, não esperamos grande variação nas ações da companhia.
Por que o lucro líquido do primeiro trimestre cresceu 250 vezes diante de 2011?
Fizemos uma redução de dívidas. Nossa geração de caixa tem sido suficiente para amortizar os compromissos financeiros e não temos tido necessidade de fazer novas emissões. Além disso, nossos clientes demandaram mais energia e vendemos, com um bom preço, no mercado a vista, energia à região Sul, que sofreu com a seca.
A última geradora de energia que a Cesp inaugurou foi em 1999. A empresa não vai investir em expansão?
Em 1999 instalamos as quatro primeiras unidades geradoras da Usina de Porto Primavera e concluímos a instalação de todas as máquinas em 2001. Os anos seguintes foram dedicados ao equacionamento da dívida, que hoje se encontra em níveis satisfatórios. Estamos prontos para expandir, mas aguardamos a definição da renovação das concessões, antes de discutir uma expansão..
A empresa vai para o novo Mercado?
Não é possível migrar dada nossa estrutura de capital, que tem dois terços de ações preferenciais. Entretanto, já adotamos o nível 1 de governança corporativa, demonstrações financeiras em padrões internacionais, 20% de membros independentes no Conselho e o “Tag Along” de 100% (ou seja, extensão aos minoritários da oferta feita aos controladores em caso de venda).
Colaboraram: Patricia Alves e Fernando Teixeira