16/04/2025 - 15:46
Após um ciclo que a gestão admite como ruim, a MRV mira um ‘foco absoluto’ na desalavancagem e tem otimismo renovado com o anúncio da nova faixa do Minha Casa Minha Vida. Após entregar o guidance de 2024 em todos os indicadores, a MRV mira R$ 2,1 bilhões de geração de caixa para este ano. O lucro previsto para a operação de incorporação é de R$ 650 milhões a R$ 750 milhões, revertendo prejuízo de R$ 100 milhões dessa operação em 2024.
+Minha Casa, Minha Vida Classe Média: entenda nova faixa para compra de imóveis
O momento da MRV, nesse contexto, é de alterar a alocação de capital e mudar indicadores na forma de fazer negócio – visando um fluxo de caixa mais saudável e priorizando compra de imóveis via permuta.
Permuta não é nada mais do que uma operação em que a empresa não paga em dinheiro por um terreno, mas oferece unidades do empreendimento futuro em troca do terreno.
Além disso, pela primeira vez em décadas, a MRV está vendendo terrenos.
Rafael Albuquerque, VP e Diretor Executivo de Desenvolvimento Imobiliário da companhia, revela que no primeiro trimestre de 2025 a empresa pagou 90% dos terrenos via permuta – invertendo a lógica de anos passados.
“A meta é manter 90% para 2025 e esse indicador é inegociável”, disse durante o Investor Day da companhia, que ocorreu em São Paulo nesta quarta-feira, 16.
Sobre a desalavancagem, o CFO da empresa, Ricardo Paixão, comenta que a expectativa é de que a nova estratégia faça a dívida líquida da operação brasileira da empresa cair 26% de 2025 ante o ano anterior – saindo de R$ 2,29 bilhões ao fim de 2024 para R$ 1,69 bilhão ao fim deste ano.
Com um Ebitda estimado em R$ 2,13 bilhões para a operação brasileira, a empresa quer que a alavancagem fique em 0,79 vezes o Ebitda ao fim do ano – ante um múltiplo de 1,84 vez registrado no fim de 2024.
‘MRV é a mais exposta ao novo Minha Casa Minha Vida’
As novidades sobre o Minha Casa Minha Vida animaram e o CEO da MRV, Rafael Menin, frisou que a companhia ‘é a mais exposta do Brasil’ à nova faixa.
A visão da empresa é de que a nova faixa é praticamente um ‘novo Minha Casa Minha Vida‘.
A mudança citada é a criação de uma nova faixa, a Faixa 4, que será voltada para famílias de classe média. Essa nova categoria contempla imóveis de até R$ 500 mil, de famílias com renda de até R$ 12 mil com taxas de aproximadamente 10% ao ano. O Fundo Social destinado ao programa – Pré-Sal+Caixa – é de R$ 30 bilhões.
Além disso, o programa teve aumento no limite de renda para as três faixas anteriores:
- Faixa 1: Passou de R$ 2.640 para R$ 2.850
- Faixa 2: Passou de R$ 4.400 para R$ 4.700
- Faixa 3: Passou de R$ 8.000 para R$ 8.600
Estoque de imóveis para a nova faixa do MCMV
Nesse contexto, Menin diz que a empresa terá ‘um percentual irrisório’ fora das quatro faixas do programa habitacional. A expectativa é de que, na esteira dessas mudanças, a empresa tenha um aumento de 17,5% nos lançamentos em 2025 no segmento de incorporação nacional, para R$ 11 bilhões em valor geral de venda (VGV).
A empresa já tem uma série de unidades habitacionais dentro do seu portfólio que se encaixam nessa faixa. Segundo o Diretor Comercial da companhia, Thiago Ely, a empresa já soma 3,7 mil unidades em estoque e 6,6 mil em seu banco de terrenos para a Faixa 4 – representando um VGV de R$ 4,2 bilhões.
Empresa ainda discute solução para Resia, dos EUA
A gestão da gigante mineira do segmento imobiliário relata que ainda ensaia uma solução para a Resia, subsidiária nos Estados Unidos que pressionou o resultado da empresa em 2024. A MRV fechou o ano no vermelho, com prejuízo de R$ 128 milhões, sendo que a Resia teve um prejuízo de R$ 395 milhões, tendo um impacto na última linha do balanço.
Sobre um eventual spin-off, o CFO da companhia deu poucos detalhes e disse que o tema não é prioridade e que deve ser assunto para um segundo momento, quando os negócios em solo americano estiverem melhores.
A expectativa é de que a companhia volte a gerar caixa neste ano, com guidance de US$ 270 milhões em geração de caixa para 2025.
“O modelo está testado, acreditamos na tese e é um mercado gigantesco. A empresa tem que ser asset light e fazer projetos de retorno elevado. Como esse veículo fica dentro da MRV? É um debate que ainda está em aberto e pode ser que façamos algum movimento societário. Eu e o Rubens [Menin] somos muito comprados e queremos que vire uma empresa relevante, mas a Resia debaixo da MRV traz algumas inconveniências e endereçaremos esse dilema em algum momento”, diz o CEO, Rafael Menin.
O CFO da MRV frisa que o ‘tema não saiu da agenda’, todavia que ‘não é uma transação simples de ser feita’.