13/02/2002 - 8:00
O plano para tomar o território está indicado no mapa que ocupa quase toda a parede. Sob a sua superfície, dois círculos coloridos feitos com agulha e barbante chamam a atenção de quem entra na sala. O vermelho passa em cima das bases inimigas. Dentro dele, uma circunferência verde indica as instalações aliadas, espalhadas por bairros como Morumbi e Pirituba. ?Repare que a linha verde passa pelas regiões centrais de São Paulo?, revela Rubens Menin de Souza, diretor-geral da mineira MRV Engenharia, a maior construtora do País no segmento de imóveis para a classe média. ?É assim que atuamos: primeiro, identificamos onde estão os adversários; depois, investimos nas áreas melhor localizadas.?
Mapas semelhantes a esse estão espalhados pelas 25 cidades brasileiras onde a MRV tem escritório. A empresa especializou-se em construir apartamentos para famílias de renda entre R$ 1,5 mil e R$ 2,5 mil mensais e encontrou terreno fértil para expansão. Nenhum movimento é feito sem um estudo minucioso sobre consumo de energia por residência, localização de postos de gasolina e custo do aluguel. ?Às vezes, acontece de acertarmos mais do que as construtoras que estavam na cidade há anos?, diz Menin. O rigor na hora de preparar um ataque a outra cidade é o mesmo usado na hora de gastar o dinheiro. Nos últimos anos, a empresa criou a operação ?canivete?. Contratos de aluguel foram refeitos, funcionários passaram a viajar com passagens promocionais e as ligações interurbanas pelo celular da empresa foram proibidas, somando uma economia de R$ 6 milhões. ?Cortamos os desperdícios para oferecer preços atraentes.? Em 2001, a empresa entrou em São Paulo, Maringá e São Bernardo do Campo. O faturamento foi de R$ 345 milhões ? 15% a mais do que em 2000. Este ano, Brasília e Rio de Janeiro estão na rota da empresa. Os mapas já foram riscados. Só falta colocar na parede.