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O setor da construção civil, historicamente, empregava grande contingente da mão de obra de baixa escolaridade. Hoje esse cenário mudou, e o segmento se destaca no que se refere à redução do número de trabalhadores analfabetos. De acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (Rais 2021 – dado oficial mais recente), apenas 0,59% dos profissionais formais atuantes no setor hoje estão nessa condição – número que em 1988 alcançava uma proporção quase 10 vezes maior (5,3%).

 

Entre as razões que contribuíram para esse resultado positivo, o enorme esforço por parte das grandes companhias, a exemplo da MRV, que chamaram para si esta responsabilidade e, com o apoio de sindicatos e de entidades da sociedade civil organizada, trouxeram as escolas para dentro de seus canteiros de obras, garantindo o letramento de milhares de trabalhadores ao longo das últimas décadas.

 

Sozinha, a companhia já contabiliza mais de 4.800 funcionários alfabetizados por meio de um único projeto, chamado Escola Nota 10, que está presente há mais de uma década em seus empreendimentos e tem alcançado resultados surpreendentes. A ponto, de encorajar a diretoria a assumir o compromisso em zerar o número de trabalhadores analfabetos nos próximos anos.


“Temos obtido um retorno muito positivo, acima de 90%, nos índices de satisfação e recomendação (NPS), o que significa que estamos com o nível de aprendizagem na zona de excelência. Por isso acreditamos ser possível alcançar esse objetivo e estaremos integralmente dedicados a essa meta”, afirma Raphael Lafetá, diretor executivo de Relações Institucionais e Sustentabilidade da MRV, e um dos responsáveis pela condução da iniciativa.

 

Para tanto, foram instaladas 34 escolas próprias que oferecem aulas de ensino básico e fundamental nas primeiras horas do expediente. A principal missão do momento é persuadir cerca de 700 profissionais que ainda carecem de letramento e manter o suporte a outros quase 600 alunos que estão em estágio de em formação e capacitação.

 

“As aulas começam, preferencialmente, no início do dia porque o trabalhador está com a cabeça descansada para aprender e se concentrar. É um investimento no horário produtivo dele para a alfabetização ou capacitação. Isso faz muita diferença. A aprendizagem deve ser a coisa mais importante da vida dessas pessoas”, destaca Lafeta, acrescentando que a adesão também é espontânea.

 

Quanto às experiências, Lafetá chama atenção para o enorme potencial transformador da iniciativa. “Temos colecionado histórias de superação e de sucesso, seja pessoal ou profissional, além de ganhos significativos em termos de produtividade. O letramento permite uma melhor compreensão da atividade, que requer a leitura manuais, avisos, assim como de normas técnicas que evitam desperdícios, retrabalho e até mesmo acidentes”.

 

Reconhecimento internacional

O projeto já recebeu reconhecimento internacional. Em 2019, a Escola Nota 10 foi um dos três projetos da companhia reconhecidos no relatório da ONU sobre iniciativas empresariais. Hoje o programa tem como principal parceiro a Alicerce, empresa especializada em educação de jovens adultos.

 

“Temos metas ambiciosas, alinhadas aos ODSs da ONU, que têm servido de referência e encorajado outras empresas a fazerem o mesmo. O fortalecimento da agenda ESG; o processo acelerado de inovação tecnológica e, sobretudo, de automação que vive o setor, aceleram a condução desses passos e começam a ser seguidos por um número cada vez maior de empresas. Daí os resultados positivos que temos observado”.


Waldete, uma inspiração

Das milhares de pessoas já beneficiadas pela iniciativa está o Waldete, que aprendeu a ler e escrever por meio do curso básico oferecido pelo Escola Nota 10. Só depois dos cinquenta anos de idade conseguiu realizar seu maior sonho: escrever. E isso aconteceu de forma inesperada, por meio de uma oportunidade de trabalho na MRV. “Eu sou muito grato, porque realmente era um sonho que parecia muito distante e hoje já não é mais. Uma prova de que nunca é tarde para começar a escrever o futuro”, resume.

Filhos, a geração do futuro

Essa mesma preocupação também se estende aos familiares dos cerca de 20 mil colaboradores da MRV – e vai a um passo além da educação básica. Um exemplo é o Projeto FuturaMente Inteli, realizado pelo Instituto MRV em parceria com Instituto de Tecnologia e Liderança — Inteli, que oferece bolsas de estudo de graduação a filhos de colaboradores que buscam formação nas áreas de Engenharia de Computação, Engenharia de Software, Ciências da Computação e Sistemas de Informação.

Quem consegue aprovação no processo seletivo tem a oportunidade de estudar em São Paulo, dentro de um campus onde também funciona o Instituto de Pesquisas Tecnológicas — IPT. Além da bolsa de estudo, a MRV ainda financia custos de moradia e de alimentação durante todo o período de formação. “Em 2021 tivemos dez candidaturas, sendo que duas conquistaram a aprovação no vestibular e estão sendo apoiadas pela companhia”, destaca Blenda Costa, coordenadora do Instituto MRV.

 

Outras ações do gênero que também têm o mesmo escopo são os projetos Tempo de Aprender, Ensina +, Escola de Impacto e Marketing Digital, todos voltados para oferecer mais acesso à educação para os filhos dos colaboradores da MRV&CO.