05/06/2002 - 7:00
Durante os últimos quatro meses, Nikki Hemming, 35 anos, foi certamente a figura mais polêmica da internet. Desde janeiro, quando apareceu na mídia como a nova controladora do serviço de troca de músicas por computadores Kazaa, essa loira chegou a ofuscar até mesmo o garoto Shawn Fanning, criador do Napster. Representante do misterioso grupo australiano de investidores Sharmann Networks, com sede jurídica nas ilhas do Vanuatu, no Pacífico, ela hoje detém os rumos de um programa que roda em dezenas de milhões de PCs em todo o mundo e que é considerado o mais provável sucessor do Napster. Seu lema é colocar para funcionar um serviço baseado na tecnologia P2P (que permite a troca de arquivos entre computadores sem a necessidade de um servidor central) sem que isso desagrade os que vivem de direitos autorais.
Há duas semanas, Nikki apresentou um modelo de negócios completamente inusitado. Em sua nova versão, o programa irá se utilizar de parte do poder de processamento do disco rígido de cada um dos PCs que usam o serviço. Isto posto, o Kazaa poderá enviar anúncios direto aos micros e o internauta terá descontos na hora de comprar músicas pelo site.
O programa, contudo, não pára de ganhar inimigos. Por permitir a livre troca de filmes e de jogos, o Kazaa arrumou briga também com os produtores de longa-metragem e distribuidores de games. Em maio, as reclamações sobre o site passaram a vir dos próprios internautas com o aparecimento do vírus W32 Benjamin, que ataca exclusivamente os usuários do Kazaa. Alguns dos processos movidos na Europa e nos Estados Unidos já mostraram resultados. No final de maio, a companhia que criou a tecnologia que funciona por trás do Kazaa afirmou que não pode mais prosseguir na batalha judicial iniciada contra ela pela indústria. A questão agora é se Nikki conseguirá colocar seus planos em prática antes que a Justiça cancele o serviço.