26/11/2021 - 10:01
De 31 de outubro a 12 de novembro, a cidade de Glasgow, na Escócia, foi palco da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-26), um dos encontros mais importantes do mundo na promoção de discussões sobre alternativas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no planeta. O assunto tem ganhado cada vez mais relevância com as mudanças climáticas em curso, como a intensificação das ondas de calor, alagamentos e incêndios florestais.
O setor privado tem um papel importante para evitar o aumento da temperatura global, preservando os recursos do planeta, em um esforço contínuo para incrementar os aparatos sustentáveis de sua cadeia de valor.
Os primeiros passos já foram dados. Antes da conferência, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizou uma pesquisa com o Instituto FSB para avaliar qual a visão das empresas brasileiras e ações concretas que estão sendo adotadas por elas em relação à sustentabilidade.
De acordo com o estudo, feito com executivos de 500 médias e grandes empresas industriais, 34% monitoram a emissão de gases de efeito estufa em sua produção. Além disso, 33% investem em ações de reflorestamento. E mais: práticas como gestão de resíduos e ações para reduzirem o desperdício de água e energia já são adotadas por nove de cada 10 indústrias pesquisadas.
O levantamento feito pela CNI apontou ainda que mais de 90% dos executivos entrevistados enxergam oportunidades nas ações de sustentabilidade. Outro dado que mostra o interesse das empresas pelo tema é a intenção de investimento: duas a cada três empresas (63%) afirmaram que vão ampliar os investimentos em sustentabilidade nos próximos 24 meses.
Para Robson de Andrade, presidente da CNI, o próximo momento para o Brasil nessa agenda é implementar rapidamente o mercado regulado interno de carbono, já existente em vários países, incluindo alguns em desenvolvimento, como China e México, e de forma independente do Artigo 6° do Acordo de Paris, que ainda tem um longo caminho para sua regulamentação. “O país precisa estar alinhado com essa tendência para aproveitar as oportunidades. Certamente temos várias delas aí e precisamos nos adiantar”, destaca.
Confira, a seguir, alguns tópicos importantes sobre a COP-26 e as principais resoluções da iniciativa privada para promover a recuperação e preservação ambiental.
Acordo de Paris
A COP-26 teve como um dos principais resultados a conclusão do livro de regras do Acordo de Paris, firmado em 2015 e que pretende reduzir as emissões de 200 nações até 2030. O protocolo entende, também, a necessidade de promover mudanças para manter o aquecimento abaixo de 2°C, com esforços para restringir a 1,5°C.
O relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) mostrou que a Terra está esquentando mais rápido do que era previsto e se prepara para atingir 1,5ºC acima do nível pré-industrial já na década de 2030, dez anos antes do que era esperado.
Metas estabelecidas durante o encontro
- O Brasil levou para a COP-26 uma nova meta climática, prevendo cortar 50% das emissões de gases de efeito estufa até 2030 – antes, esse patamar era de 43%. Além disso, comunicou que irá antecipar a meta de zerar o desmatamento de 2030 para 2028, alcançando uma redução de 50% até 2027.
- Mais de 100 líderes mundiais – incluindo o Brasil – se comprometeram a deter e reverter o desmatamento em 2030 com medidas apoiadas por US$ 19 bilhões de fundos públicos e privados, que serão investidos na proteção e restauração das florestas.
- 30 instituições financeiras, que, juntas, administram US$ 8,7 trilhões em ativos, se comprometeram a não investir em atividades ligadas ao desmatamento.
- Aproximadamente 100 países assinaram um compromisso global – do qual o Brasil também faz parte – de reduzir as emissões de metano em 30% até 2030.
- O Pacto de Glasgow aprovou as regras do Artigo 6° do Acordo de Paris, que tratam do mercado de carbono internacional, instrumento fundamental para financiar soluções climáticas.
Avanços importantes
Com a sustentabilidade na agenda global, nos últimos 10 anos a JBS tem feito a lição de casa promovendo ações com foco em sustentabilidade e, nos últimos tempos, na redução da emissão de gases causadores de efeito estufa em sua operação.
Em março de 2021, a companhia se colocou à frente do desafio se comprometendo, publicamente, a se tornar Net Zero até 2040, iniciativa alinhada com as questões tratadas na COP-26. Na prática, isso significa que a JBS deve zerar seu balanço líquido de emissões, reduzindo a intensidade e compensando tudo o que emitir até essa data.
Entre as ações para atingir esse objetivo, está o investimento de US$ 1 bilhão, na próxima década, em projetos de descarbonização de suas operações. Além disso, vai injetar US$ 100 milhões até 2030 para desenvolver práticas agrícolas cada vez mais sustentáveis.
A JBS, que já mantém um sistema geoespacial de monitoramento de seus 80 mil fornecedores da cadeia bovina em todos os biomas em que atua, está avançando na implantação da Plataforma Pecuária Transparente, ferramenta que usa blockchain para integrar todos os fornecedores de seus fornecedores a esse mesmo controle até 2025.
Durante a COP-26, a JBS também anunciou novos passos para atingir seu compromisso climático. Se uniu a dez das maiores empresas globais de comércio e processamento agrícola para desenvolver, até a COP-27, um roteiro setorial para conter o aquecimento global em 1,5°C. E firmou parceria para adotar um suplemento nutricional capaz de reduzir em até 90% as emissões de metano de sua cadeia bovina.