01/11/2021 - 22:41
As mudanças climáticas, causadas principalmente pela atividade humana, são a principal causa dos incêndios florestais sem precedentes que atingem o oeste dos Estados Unidos, aponta um estudo divulgado nesta segunda-feira.
Os incêndios destruíram uma média de 1,35 milhão de hectares por ano na região entre 2001 e 2018, o dobro do número de 1984-2000. “Aconteceu de forma muito mais rápida do que prevíamos”, alertou ao “Los Angeles Times” Rong Fu, que dirigiu o estudo, publicado pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (PNAS, sigla em inglês).
Para entender o que contribuiu para uma piora tão significativa das condições em tão pouco tempo, uma equipe de pesquisadores americanos dirigida por Fu analisou vários fatores que atuam no “déficit de pressão de vapor” (VPD), que representa a diferença entre a quantidade de água presente na atmosfera e o máximo que ela poderia conter. Quanto maior o déficit, mais água é retirada do solo e das plantas, secando-as e criando condições cada vez mais favoráveis aos incêndios.
Os cientistas determinaram que o aumento dos incêndios florestais no oeste dos Estados Unidos está estreitamente ligado a esse déficit durante a estação quente. Entre maio e setembro, o número de dias com VPD alto aumentou 94% entre 2001 e 2008 em relação ao período anterior, segundo o estudo.
De acordo com os cálculos da equipe de Fu, as variações atmosféricas “naturais” foram responsáveis por um aumento médio de apenas 32% no VPD. Os 68% restantes de aumento do déficit de água atmosférica nos últimos 20 anos se devem ao aquecimento global, causado, em grande parte, por atividades humanas.
“Antes de 2000, podemos explicar muito bem esse clima favorável ao fogo usando padrões climáticos”, destacou Fu, climatologista da Universidade da Califórnia. “Agora, só podemos explicar 30% do que vemos.”
O estudo descobriu como alguns modelos mostram que o aquecimento causado pelo homem poderia explicar até 88% das anomalias observadas no VPD. Em agosto de 2020, quando a Califórnia sofreu o maior incêndio florestal já registrado na região, que devastou quase 420.000 hectares, o chamado aquecimento antropogênico foi responsável por cerca de 50% da “alta sem precedentes” no déficit de umidade, concluiu o estudo.
Segundo especialistas em clima, devido aos gases do efeito estufa gerados pela atividade humana, principalmente o uso de combustíveis fósseis, o planeta já ficou 1,1°C mais quente desde a era pré-industrial. A maior parte do aquecimento ocorreu nos últimos 50 anos.