A cobiça do Centrão pela presidência da Caixa tem gerado reações em diversos setores. Entidades representativas dos funcionários do banco, empresários da construção civil e organizações do movimento de moradia já se manifestaram publicamente contra a saída de Rita Serrano. Não seria diferente entre profissionais do mercado financeiro.

Segundo analistas, uma troca na presidência do maior banco brasileiro representaria um atraso na evolução verificada na gestão econômica do governo. Pesquisa divulgada pela Quaest nesta quarta-feira, 12, aponta que no mercado a avaliação positiva do ministro Fernando Haddad, a quem Serrano se reporta, subiu de 26% para 65%. Já a avaliação positiva do governo Lula, em comparação com a pesquisa realizada em maio, foi de 2% para 20%.

Essa suposta “Lua de Mel” do mercado com a gestão de Haddad será colocada à prova com a possível mudança de comando no banco. Um fato chama atenção: seria a quarta troca na presidência em apenas um ano, algo jamais verificado em uma instituição com o porte e a capilaridade da Caixa.

Segundo uma fonte ligada ao banco, “toda a reestruturação que tem sido efetivada na Caixa seria paralisada. Ao contrário de instituições privadas, a Caixa conta com processos internos de governança que obrigam, por exemplo, que seus executivos passem por uma jornada de seleção que pode durar meses, e esta paralisia prejudicaria o desempenho do banco”.

A solidez da Caixa já havia sido colocada em risco após denúncias de assédio sexual contra o ex-presidente, Pedro Guimarães, e com a utilização de linhas de crédito com viés evidentemente eleitoral: o empréstimo consignado do Auxílio Brasil consumiu R$ 7,6 bilhões, e o programa de Microfinanças mais de R$ 3 bi.

BALANÇO POSITIVO

Desde que assumiu a Caixa, Rita Serrano priorizou ações que contribuíram para a retomada da motivação do corpo funcional, interrompeu programas que colocariam as contas em risco, como os citados acima, e aplicou um modelo de gestão modernizador, mantendo a tradição de principal fomentador de ações sociais, sem abrir mão da responsabilidade financeira e fiscal.

O balanço do primeiro semestre, que será divulgado nos próximos dias, deverá apresentar, em números, a eficiência dessa reestruturação.

“Talvez, o grande erro da Rita tenha sido se comportar como gestora e não ceder às investidas de políticos que enxergam na Caixa a possibilidade de acomodar apadrinhados, de utilizar recursos para fins pouco, ou nada, republicanos e de impedir a fiscalização de órgãos ligados à instituição, como as Loterias, onde denúncias recentes implicaram, inclusive, um assessor direto do presidente da Câmara. A Caixa não deveria servir de moeda de troca no governo Lula, e colocar o Centrão em sua presidência seria o equivalente a mandar a raposa cuidar do galinheiro”, conclui a fonte.