03/03/2023 - 1:34
Todos nós sabemos que a tecnologia cria dependência e nesse sentido é preciso ter estratégias. Um estudo recente revela que muitas horas online geram adolescentes mais ansiosos.
Uma pesquisa de um instituto português, a DECO PROTESTE, mostra que os pais nem sempre estão conscientes dos problemas dos filhos. Ansiedade, mudanças de humor e dificuldade em dormir são dos principais problemas devido às muitas horas online. Mas os ataques de raiva e a depressão também fazem parte da lista, destaca o estudo.
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Entre maio e julho de 2022, a DECO PROTESTE enviou aos pais um questionário online sobre o comportamento dos jovens na internet. Obteve 937 respostas válidas. A pesquisa para adolescentes entre os 15 e os 17 anos decorreu entre setembro e outubro de 2022. A validação deu 487 respostas, que foram ponderadas de modo a constituírem amostras representativas da população.
No que diz respeito a redes sociais, o Instagram é a rede social mais usada pelos jovens com 88%. Segue-se o TikTok com 73% e apenas com 29% está o Facebook. Já do lado dos pais o Instagram também é a rede social mais usada, com 88%, mas o Facebook aparece na segunda posição com 59%.
A criação de uma segunda conta e o bloqueio dos progenitores são recursos citados por mais do dobro dos filhos face aos pais.
Segundo a porta-voz da Deco Proteste, o teste foi também desenvolvido na Bélgica, Itália e Espanha.
“Quando questionados, 65% dos adolescentes reconhecem sofrer, pelo menos, de um problema causado, parcialmente, pelos hábitos ‘online’”, sustenta o estudo.
Além da disparidade verificada na ansiedade, 34% dos jovens também já reconheceu mudanças de humor, contudo só 18% dos pais as identificaram.
“Globalmente, os pais atribuem 8,4 pontos em 10, à saúde mental dos filhos, mas estes eles atribuem 6,8 pontos”, informa.
No estudo, a Deco Proteste explica que, na saúde física e na qualidade de vida, a diferença é menor, apontando que “as mulheres aparentam viver piores condições, nas dimensões referidas, do que os homens”.
Também sustenta que a grande maioria dos jovens acessa à Internet através do smartphone, “um em quatro não tem computador para qualquer atividade ‘online’ e 11% nem possuem um dispositivo compartilhado”.
“No tempo que os jovens ficam mergulhados no mundo virtual, não existem grandes diferenças entre a visão dos pais e a dos filhos: de ambos os lados, estimam a mesma duração de segunda a sexta e aos fins de semana: em média, respetivamente, 02h47 e 03h40”, afirma. Em relação ao tempo passado ‘online’ e àquele que é gasto nos estudos, a diferença é de 10%, apenas.
“A Internet é a fachada conhecida para outros exercícios que não escolares. Embora haja uma margem de crédito da parte dos pais, a diferença é superior a 10% entre o tempo que pensam que os filhos consagram aos estudos e aquele que realmente passam a fazê-lo: 88% contra 75%, respetivamente”, indica.
“Se os meninos usam a internet sobretudo para jogar em grupo, as meninas preferem para fazer compras. Os jovens também visitam mais ‘sites’ para adultos”, relata.
De acordo com a análise, a maioria dos adolescentes usa cerca de quatro redes sociais, mas a “consciência desse número só atinge cerca de um terço dos pais, contra mais de metade dos jovens”.
“O que se julga conhecer sobre as redes visitadas é dissemelhante em 30%, no caso, por exemplo, do Discord. Com a mesma percentagem de “desafinação”, a presença no Facebook é sobrevalorizada pelos pais, uma vez que os jovens, na realidade, migraram para outras redes. A média diária de permanência nas redes sociais supera as duas horas para 61% dos adolescentes”, anota.
Relativamente a mensagens eróticas via celular— sexting, abreviação de sex e texting –, 48% dos pais afirmam ter abordado o assunto, enquanto só 27% dos adolescentes confirmaram essa conversa.