Em discurso para representantes de 160 países que fazem parte da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, às vésperas de ser reeleito para mais um mandato na entidade, disse que “o multilateralismo não está garantido”, mas alertou que as regras internacionais de comércio têm importância até mesmo para a segurança internacional.

“Precisamos garantir que o estado de direito seja mantido e que a estabilidade e segurança nas relações econômicas globais sejam continuadas”, disse. Para ele, a OMC já superou desafios no passado. Mas, agora, terá de ser pragmática.

Ao pedir o apoio de todos, o brasileiro lembrou que, em quatro anos, ele tirou a entidade de uma marginalização total e garantiu novos acordos. “A OMC está mais forte hoje”, disse Azevêdo. Para o diretor-geral, seu trabalho “recolocou a OMC no mapa”.

Segundo Azevêdo, ele cumpriu suas promessas de campanha. “Cem dias depois de ter assumido a OMC (em maio de 2013), fechamos o acordo de Bali”, disse, apontando para o caráter histórico do compromisso. Dois anos depois, fechou mais um acordo, além de um tratado para bens tecnológicos. “Foi uma mudança de marcha dramática.”

Calcanhar de aquiles. Se uma reviravolta na reeleição de Azevêdo é improvável, a única dúvida é o posicionamento da Índia. Nova Délhi tem culpado o brasileiro por acordos que, segundo os indianos, não os favorecem. Por isso, estão bloqueando a nomeação de mais de uma dezena de presidentes de comitês da OMC, num gesto sem precedentes. Mas fontes em Genebra esperam que isso não signifique um veto ao brasileiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.