10/11/2020 - 10:34
O mundo recebeu com esperança o anúncio do laboratório farmacêutico Pfizer de que sua vacina contra a covid-19 tem 90% de eficácia, antídoto muito aguardado que pode estar disponível em algumas semanas nos Estados Unidos, e no início de 2021, na União Europeia (UE).
Ainda não se sabe se a vacina proporciona imunidade de longo prazo, mas isto não impediu uma onda de otimismo nas Bolsas após o anúncio, apenas dez meses depois do sequenciamento do coronavírus, uma proeza científica.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, considerou o anúncio “promissor” e elogiou “a inovação e a colaboração científica sem precedentes para acabar com a pandemia”.
O presidente americano, Donald Trump, disse que é uma “notícia excelente”, enquanto Joe Biden, que o substituirá na Casa Branca em 20 de janeiro, afirmou que o anúncio representa “esperança”.
Até os organizadores dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, adiados pela pandemia, afirmaram nesta terça-feira que o êxito anunciado de vacina significa um “alívio”, embora continuem preparando o evento para 2021 em um cenário sem vacina.
A Pfizer e a sócia alemã BioNTech explicaram que, quando são injetadas duas doses da vacina em um período de três semanas, esta é “eficaz em 90%”, segundo os resultados preliminares de um teste em larga escala que ainda está em curso.
As doses reduziram em 90% o risco da doença no grupo vacinado em comparação com o grupo que recebeu um placebo.
– Questão de “semanas” –
De acordo com os americanos, que encomendaram 100 milhões de doses, as primeiras vacinações podem começar antes do fim do ano, desde que seja confirmada a segurança da substância dentro de duas semanas.
A Pfizer pretende apresentar um pedido de autorização à agência reguladora dos medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês), que terá de decidir se a vacina é segura e eficaz.
A partir deste momento, a distribuição aconteceria em questão de “semanas”, afirmou ao canal Fox News Alex Azar, secretário de Saúde de Donald Trump, que tornou o desenvolvimento das vacinas o pilar de sua resposta à crise de saúde.
Na União Europeia, que fez uma pré-compra de 200 milhões de doses e negocia para adquirir outros 100 milhões, a vacina poderia estar disponível no início de 2021, segundo uma fonte do bloco.
Outros países, como Japão, Canadá, ou Reino Unido, também fizeram pedidos a Pfizer.
A demanda inicial superará com folga a oferta, pois o laboratório prevê que terá condições de produzir 50 milhões de doses em 2020 e 1,3 bilhão no próximo ano.
Neste sentido, as ONGs alertam há meses para o risco de que os países ricos monopolizem as doses e expressaram preocupação com o preço que a Pfizer cobrará pela vacina.
Outra vacina experimental, desenvolvida pela empresa americana Moderna, cujos resultados podem ser anunciados nas próximas semanas, utiliza a mesma nova tecnologia, que consiste em injetar no organismo instruções genéticas chamadas RNA mensageiros, que indicam às células quais proteínas fabricar para combater o vírus.
O mundo também aguarda os resultados de outra vacina, em fase avançada, desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford.
A vacina em desenvolvimento pelo laboratório chinês Sinovac Biotech, chamada CoronaVac, registrou um problema, depois que a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) brasileira decidiu suspender os testes clínicos devido a um “evento adverso grave” envolvendo um voluntário.
A Sinovac Biotech se declarou “confiante” na segurança de sua vacina e afirmou, em um comunicado, que o incidente em questão não tinha “relação” com a vacina.
A Anvisa informou que não poderia dar detalhes sobre o ocorrido por causa de regulamentos referentes à privacidade, mas revelou que os incidentes adversos graves incluem óbito, efeitos colaterais potencialmente fatais, incapacidade, invalidez persistente, ou significativa, internação hospitalar, anomalia congênita e “evento clinicamente significante”.
– Restrições na Europa –
A pandemia de covid-19 segue avançando, apesar das notícias sobre vacinas, e a OMS pediu na segunda-feira que as pessoas não baixem a guarda, apesar do cansaço”.
Os Estados Unidos bateram recordes de contágios durante vários dias consecutivos, com mais de 100.000 novos casos diários. Na segunda-feira, o país superou a marca de 10 milhões de casos oficiais de um vírus que matou mais de 238.000 pessoas em seu território. As autoridades calculam que o balanço real pode superar 300.000 vítimas fatais.
Mais de 50,9 milhões de casos foram registrados em todo planeta desde dezembro, de acordo com um balanço da AFP estabelecido com base em números oficiais.
O vírus continua provocando vítimas entre as personalidades. O secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erakat, faleceu nesta terça-feira, aos 65 anos, vítima da covid-19.
Na Europa, que tem mais de 13 milhões de contágios e quase 311.000 vítimas fatais, muitos países decretaram diversos níveis de confinamento, ou de toques de recolher.
Portugal ativou na segunda-feira o estado de emergência sanitária e decretou um toque de recolher na maior parte de seu território.
“Não podemos pensar que vamos enfrentar esta pandemia sem esforço”, afirmou o primeiro-ministro socialista António Costa.
O coronavírus não tem impacto apenas na saúde e economia. O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) pediu uma reabertura rápida das escolas na América Latina e Caribe, onde o coronavírus provocou quase 413.000 mortes.
A pandemia ameaça provocar uma “catástrofe geracional” ao afetar a formação de milhões de crianças da região mais desigual do mundo, destacou a organização em um estudo.
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