02/10/2018 - 8:13
Inaugurado há pouco mais de um ano pelo ex-prefeito João Doria (PSDB), o jardim vertical da Avenida 23 de Maio apresenta falhas de manutenção e zeladoria. Os seis quilômetros de muro receberam 251 mil mudas de 30 espécies em agosto do ano passado – em substituição aos grafites feitos na gestão anterior.
As mudas de manjericão, alecrim, orégano, salsa e flores foram plantadas em quase 11 mil metros quadrados. Cerca de 1 milhão de pessoas, segundo a Prefeitura de São Paulo, passam diariamente pela via. E a cena mais comum a ser observada é de plantas secas, que muitas vezes caem sem controle. A reportagem verificou nesta segunda-feira, dia 1º, pela manhã, que há também sacolas e garrafas plásticas penduradas nos galhos, além de arbustos compridos que estão sem poda e já começam a invadir a calçada.
A região com a maior concentração de arbustos ressecados fica próxima do Viaduto da Beneficência Portuguesa, na região central da capital paulista, no sentido do Parque do Ibirapuera. Do lado oposto, sob o Viaduto Pedroso, o muro está todo ressecado, do topo ao chão.
Já na região do Paraíso, próximo do Viaduto Tutoia, arbustos sem poda já tomam parte da calçada. Por todo o corredor, é possível observar sacolas plásticas, pedaços de papel e até garrafas de plástico penduradas nos galhos das plantas. O jardim custou R$ 9,7 milhões para ser instalado e a Prefeitura estimou, durante a inauguração, que a manutenção exigiria, mensalmente, cerca de R$ 137 mil (R$ 12,50 o metro quadrado).
O custeio das obras e do cuidado com o jardim pelos primeiros seis meses foi feito por uma empresa como parte de uma compensação ambiental pelo corte de 856 árvores de um terreno no Morumbi, na zona sul, para construir três torres com apartamentos de alto padrão. Em abril, porém, o responsável pela implementação do muro verde entregou o encargo dos serviços de manutenção do local à Prefeitura.
Obras
A gestão municipal informou que não só faz zeladoria no local como obras, com base em estudos encaminhados pela Secretaria Municipal das Subprefeituras. No domingo, dia 30, pela primeira vez, teriam sido usadas cestas aéreas para limpezas e podas nas partes mais altas. No projeto inicial não havia esse equipamento.
O vandalismo também preocupa a administração. “Para evitar o vandalismo e furto das bombas (de irrigação), as equipes de zeladoria da Prefeitura estão cavando uma valeta para enterrar toda a parte elétrica e tubulação. Os equipamentos serão cobertos por tampa de concreto, que só poderá ser retirada por caminhão munck. Além disso, elas serão fechadas com parafusos que só podem ser abertos com uso de maçaricos (mesmo sistema utilizado nas tampas da Eletropaulo)”, disse, por meio de nota oficial. A Secretaria Municipal das Subprefeituras estima agora que o serviço de manutenção do local custe R$ 500 mil por ano.
A Secretaria Municipal das Subprefeituras informou, por nota, que a empresa que havia se comprometido a fazer a manutenção do muro verde da Avenida 23 de Maio até 2020 descumpriu o acordo e encerrou o serviço em abril deste ano, restando à Prefeitura cuidar da vegetação vertical. O serviço tem custo estimado em R$ 500 mil por ano, segundo a gestão Bruno Covas (PSDB).
A reportagem não conseguiu contato com a Tishman Speyer, a empresa que arcou com as obras. A Movimento 90°, empresa que executou o serviço, contratada pela Tishman, afirmou que o prazo para a manutenção acordado com a Prefeitura era de seis meses e foi cumprido. “O Termo de Compromisso Ambiental da incorporadora com a Prefeitura acabou em 28 de março”, disse o representante da Movimento 90°, Guil Blanche.
Ainda no ano passado, a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente chegou a assinar com a empresa um ofício para manter a execução dos serviços de manutenção até 2020, que foi anexado ao processo. Mas a previsão era de que outras formas de financiar essa manutenção fossem obtidas.
“É preciso esclarecer que, mesmo com o trâmite licitatório em andamento, o local segue recebendo manutenção”, diz a nota da Prefeitura, que cita ações da Secretaria das Subprefeituras. Após a contratação de outra empresa, o serviço deverá prosseguir. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.