16/05/2012 - 21:00
O empresário João Paulo Diniz, triatleta de 48 anos e sócio da maior rede de academias do País em faturamento, a Bodytech, quando não está praticando algum esporte se entretém acompanhando torneios esportivos pela tevê. “Não deixo de malhar um dia sequer há mais de 30 anos”, afirma ele, que herdou de seu pai, Abilio Diniz, um dos controladores do Grupo Pão de Açúcar, o DNA de atleta. “Sempre fui o aluno número 1 em todas as academias que já frequentei porque sou apaixonado por esportes.” Daqui a três anos, às vésperas da Olimpíada do Rio de Janeiro, Diniz provavelmente terá de compartilhar seu tempo em frente à televisão entre os canais esportivos e os de notícias econômicas e indicadores financeiros.
Rumo à Bovespa: os sócios Luiz Urquiza (à esq.) e João Paulo Diniz enxergam no mercado de ações
uma oportunidade para acelerar o plano de expansão da Bodytech.
Depois de vender 30% do capital da Bodytech para o fundo de private equity do BTG Pactual, em uma operação estimada em R$ 200 milhões, sua rede de academias está malhando pesado, preparando-se para estrear na bolsa de valores. O início da oferta pública de ações (IPO, em inglês) está previsto para 2015, um ano antes dos Jogos Olímpicos no País. “O Brasil estará tomado pelo clima da Olimpíada, numa corrente favorável às empresas ligadas ao esporte e ao bem-estar”, afirma Diniz, dono de 64,2% do capital da empresa, em sociedade com os empresários Alexandre Accioly, Luiz Urquiza e com o técnico da seleção brasileira de vôlei masculino, Bernardinho. Os 5,8% restantes pertencem a diversos outros sócios, entre eles o ator Rodrigo Santoro e o ex-técnico da Seleção Brasileira de Futebol Carlos Alberto Parreira.
Com sua participação, o BTG obteve o direito de indicar dois representantes no Conselho de Administração da empresa. Sob a ótica dos negócios, o mergulho da Bodytech na bolsa faz todo o sentido. A empresa tem um agressivo plano de expansão de sua rede e dependerá da captação de recursos no mercado financeiro para sustentá-lo. A rede possui, atualmente, 33 academias, 30 delas da marca Bodytech – focada nas faixas de maior poder aquisitivo – e três da Fórmula, rede de academias de médio porte que opera por meio de unidades próprias e franquias. Segundo o sócio Urquiza, o plano é investir R$ 400 milhões para triplicar de tamanho em três anos, chegando a 90 academias no ano da abertura de capital. “A chegada do BTG nos ajuda, de imediato, a turbinar os negócios com a captação de recursos em condições muito melhores”, diz Urquiza. “Com isso, o IPO será uma consequência.”
Para Diniz, o salto dado pela Bodytech nos últimos anos indica que as metas poderão ser alcançadas com folga. Há seis anos, a empresa faturava cerca de R$ 40 milhões anualmente. Em 2011, a receita bruta chegou a R$ 167 milhões e deverá atingir R$ 280 milhões neste ano. Hoje, o grupo possui cerca de 75 mil alunos. Até o fim de 2012, a expectativa é de que seja superada a marca dos 100 mil clientes. “Nos últimos anos, a indústria do fitness despertou o interesse dos investidores porque possui um gigantesco potencial de crescimento e consolidação”, diz Renato Cunha, consultor da Associação Brasileira de Franchising. O setor, de fato, é um dos que mais crescem no País. Faturou R$ 2,2 bilhões em 2011 e deve triplicar de tamanho, segundo a International Health, Racquet & Sportsclub Association, na esteira dos grandes eventos esportivos que se aproximam.