Memória olfativa é o termo científico usado para definir as lembranças deflagradas por um cheiro. É uma espécie de viagem no tempo por meio do odor. Quem nunca sentiu o aroma de um perfume e, imediatamente, lembrou-se de alguma situação ou de uma pessoa? Como os livros, os quadros e as esculturas, as fragrâncias contam os passos da humanidade, os costumes de cada época e as mudanças da moda. Desde a semana passada, essa História com ?H? maiúsculo pode ser acompanhada no recém-inaugurado Espaço Perfume ? Arte & História, em Curitiba. É o primeiro museu brasileiro do perfume. Inspirado em similares europeus, tem um acervo de 600 peças que incluem frascos antigos e réplicas. A iniciativa é da empresa de cosméticos O Boticário. ?Há 15 anos sonho em montar esse espaço?, diz Miguel Krigsner, presidente da companhia.

O empreendimento, pousado no Espaço Estação, na capital paranaense, consumiu R$ 2 milhões. O investimento, entretanto, seria incalculável se a ele fosse somado o valor do acervo. Nos 310 m2 do museu, há peças como um frasco fenício de 1200 a.C. ?Passei mais de dois meses garimpando objetos para serem expostos?, diz Renata Ashcar, curadora da entidade e autora do livro Brasilessencia ? A Cultura do Perfume. O ambiente é dividido em áreas que abordam temas como o perfume na antigüidade, o perfume e as roupas no século 20, a arte da perfumaria e o perfume no Brasil. Cada assunto será apresentado em cinco idiomas: português, inglês, espanhol, francês e alemão. Os visitantes também saberão como são produzidas as fragrâncias e terão uma experiência olfativa única. Uma ânfora gigante foi construída para apresentar as principais notas de uma fragrância, como são conhecidos os elementos do perfume. Há notas de saída, de corpo e de fundo. Com o teto iluminado por fibras ópticas de cristal Swarovski, as pessoas passarão por essa espécie de túnel com uma coleção de odores em série, separadas. No final sentirá o perfume com as três notas mescladas. ?É uma atividade rica como a dos vinhos?, resume Krigsner.


1861
Eau impériale: Criado pela rainha Eugênia,
esposa de Luís Bonaparte


1774
Para o rei: Tubo desenvolvido para Napoleão
guardar na bota durante a guerra


IV A.C
Réplica: Vaso grego usado para armazenar
óleos aromáticos


1200 A.C
Relíquia: Frasco de vidro fenício encontrado
em escavações