Diversas ações visaram peças importantes nas últimas semanas. Ativistas tentam assim chamar atenção para as mudanças climáticas. Instituições começam a reagir, reforçando a segurança. Bob Geldof aplaude. Na National Gallery de Londres, em 14 de outubro, dois ativistas da organização Just Stop Oil jogaram sopa de tomate na famosa tela Girassóis, de Vincent van Gogh Van Gogh. Sua pergunta: “O que vale mais, a arte ou a vida?” Consta que a moldura da pintura foi danificada durante a ação.

Bob Geldof tem compreensão pelo ato. O cantor de rock irlandês, iniciador do Live Aid, ele próprio um ativista de longa data, disse em entrevista à Radio Times depois do atentado : “Os ativistas do clima estão mil por cento certos. E eu os apoio mil por cento.”

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A pintura em si não foi danificada no ataque, apenas sua moldura, ressaltou, portanto foi “inteligente” jogar algo no quadro sabendo que ele estava protegido por um vidro. “A destruição não levaria a nada”, frisou Geldof, sublinhando que o ataque à obra foi apenas irritante e que “irritar é bom”. Por fim, o cantor classificou assim as ações semelhantes de grupos de protesto pelo clima: “Elas não matam ninguém. A mudança climática, sim.”

Purê de batata na Alemanha

Neste domingo 23/10), ativistas do grupo de protesto pela proteção climática Letzte Generation jogaram purê de batata numa pintura do impressionista francês Claude Monet, no Museu Barberini de Potsdam. O quadro também estava protegido por um painel de vidro, mas a moldura histórica foi seriamente danificada e precisará ser restaurada.

O ataque provocou indignação no mundo da arte. A Associação Alemã de Museus (DMB) acusou: “Estamos sendo instrumentalizados por ativistas climáticos para atrair atenção – às custas dos bens culturais”.

O fundador do museu e mecenas da arte Hasso Plattner, cuja fundação administra o Museu Barberini, enfatizou em entrevista ao Potsdamer Latest News que no futuro será “difícil, se não impossível,” conseguir empréstimos de obras para exposições na instituição cultural.

A primeira reação do museu, além de contatar os fornecedores de peças emprestadas para a atual exposição, foi intensificar as medidas de segurança. Bolsas já são revistadas desde o dia seguinte ao ato de vandalismo.

“O ataque a uma obra da coleção Hasso Plattner, bem como ataques anteriores a obras de arte, inclusive na National Gallery em Londres, mostraram que os altos padrões internacionais de segurança para proteger obras de arte em caso de ataques de ativistas não são suficientes e precisam ser ajustados”, afirmou a diretora do Museu Barberini, Ortrud Westheider, na noite de segunda-feira.

Outras instituições também estão se preparando: “Os museus da cidade de Colônia foram avisados sobre os ataques e reagirão com atenção especial”, disse uma porta-voz da cidade do oeste alemão à DW. O também coloniano Museu Ludwig comunicou: “Não existe 100% de segurança, mas continuaremos emprestando obras de arte a exposições importantes e presumimos que também receberemos empréstimos.”

O especialista em segurança de museus Remigiusz Plath recomenda proteger obras de arte valiosas com vidro e empregar mais funcionários. Porém grandes quadros atrás de vidro não é viável. No máximo, um painel de vidro poderia ser pendurado na frente da pintura, segundo ele. “E essas medidas, assim como contratação de mais funcionários, custam muito dinheiro, e nem todos os museus podem pagar por isso”, pondera Platz, acrescentando que 100% de segurança só é possível se a obra de arte permanecer no depósito.

“Não haverá mais tempo para arte”

Por que obras de arte em particular são repetidamente alvo de organizações de protesto contra o clima nos últimos meses? No site do grupo Letzte Generation, Aimée von Baalen, porta-voz da organização, defende o ataque à pintura do impressionista francês.

“Monet amava a natureza e capturou sua beleza única e frágil em suas obras. Como é possível que tantos tenham mais medo que uma dessas imagens da realidade seja danificada do que da destruição de nosso próprio mundo, cuja magia Monet tanto admirava?” E acrescenta: “Não haverá mais tempo para admirar a arte quando estivermos lutando por comida e água!”

No fim de agosto, duas jovens já haviam se colado na moldura do quadro Descanso na fuga para o Egito, de Lucas Cranach, o Velho, na Gemäldegalerie de Berlim, segurando um placar da iniciativa. Ações semelhantes de ativistas de proteção climática já ocorreram nos museus Frankfurt Städel e na Gemäldegalerie de Dresden. O grupo Letzte Generation já ganhou fama ao promover o bloqueio de rodovias e cruzamentos.