Quando o rapper Dr. Dre lançou, em 2006, seus fones de ouvido Beats, muitas pessoas estranharam o preço, que pode chegar até a R$ 2 mil. Mas, aos poucos, e com o auxílio da propaganda de astros do esporte, como o jogador de basquete profissional americano Lebron James e o jogador de futebol brasileiro Neymar, eles foram ficando mais comuns no mercado. 

neymar_beats.jpg
Neymar é um dos usuários da marca de fones de luxo que virou plataforma de música

 

Hoje, cerca de 20 milhões de fones de ouvidos do Dr. Dre já foram vendidos pelo mundo. Com o sucesso, o rapper deu um novo passo. Dr. Dre prepare-se para lançar sua plataforma de músicas online com o mesmo nome da sua marca de fones de ouvido.

 

A entrada de Dr. Dre neste mercado confirma a tendência de que a música será ouvida por meio de assinaturas online, em serviços de tempo real ? chamados de streaming no jargão da área. Plataformas de streaming ganham cada vez mais a preferência dos consumidores virtuais. O download, consagrado pela loja iTunes, da Apple, perde cada vez mais espaço.

 

A concorrência nessa área é acirrada. Há desde nomes consagrados do setor de tecnologia,como Sony, Microsoft e Google, até empresas menos conhecidas do público geral, mas que ganharam muitos adeptos na esfera virtual, como Rdio, Deezer, Spotify e Grooveshark.

 

Essas plataformas foram vitais para a recuperação da indústria fonográfica, abatida pelo download ilegal e pela pirataria. Graças a elas, em 2012, o setor apresentou crescimento de 0,3% após uma década diminuindo de tamanho. O efeito delas é forte também na pirataria. No mesmo ano, houve diminuição de 17% no consumo de itens piratas.

 

Há diversos modelos de negócios. Alguns serviços compram assinaturas. Outros se sustentam por meio da publicidade. Há uma terceira via, batizada de freemium (a mistra das palavras free, de grátis, com Premium). Parte de conteúdo é grátis. Mas se quiser ter acesso a uma biblioteca maior de canções, o consumidor terá de pagar por ele.

 

O novo serviço de Dr. Dre optou pela assinatura. O usuário pode experimentar a plataforma Beats por sete dias, depois só mediante a pagamento de US$ 10 por mês. 

 

É aí que o rapper pode encontrar problemas. Nenhuma das plataformas de streaming de músicas teve dificuldade para conquistar número de usuários, mas todas se esforçam para convencê-los a pagar. A Pandora, uma espécie de YouTube de músicas, tem 70 milhões de cadastrados. Mas apenas 3 milhões pagam mensalidade. O Deezer conta com 4 milhões de pagantes, ante 30 milhões de usuários que usam a versão gratuita.

 

A questão chegou a tirar do sério Daniel Ek, CEO do Spotify, que tem Sean Parker, famoso pela criação do Napster, entre os sócios. Perguntado sobre o número de usuários pagos, em uma entrevista, ele respondeu. “Não vou ficar atualizando o total a cada assinatura que o site receber. Quando atingirmos alguma marca, divulgaremos”, afirmou Ek.

 

A versão gratuita é uma característica em comum dos líderes de mercado. Opção que a plataforma Beats não vai apresentar. Geralmente, se o usuário quiser ouvir suas músicas apenas computador, ele não paga. A estratégia faz sentido. Em frente do desktop existem diversas maneiras de ter acesso à música gratuitamente. Uma delas é o YouTube. Caso o usuário queira continuar a experiência em um smartphone ou tablet, terá que assinar uma versão paga. 

Leia também:
– Por que o DropBox vale US$ 10 bilhões?
– Whatsapp chega a quase 500 milhões de usuários