30/03/2021 - 18:08
Pelo segundo dia consecutivo, o dólar subiu a R$ 5,80 em uma manhã de volatilidade para depois arrefecer na etapa vespertina dos negócios. O movimento de apreciação do real, que também foi positivo nos ativos domésticos nesta terça-feira, 30, contrasta com um exterior ruim onde os rendimentos dos treasuries de vencimento mais longo avançavam, as cotações dos contratos futuros de petróleo recuavam, as moedas de pares emergentes perdiam valor frente à divisa americana e, ainda, os principais índices das bolsas de Nova York operavam no vermelho.
Neste último dia antes do fechamento do trimestre, o comportamento dos ativos locais em direção oposta ao exterior pode ser explicado por uma tendência técnica de ajuste de carteiras.
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O dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,7619, em baixa de 0,08%, mas oscilou no range entre R$ 5,8024, na máxima intraday e R$ 5,722, na mínima.
“O chamado ’embelezamento das carteiras’ leva o movimento para a contramão dos sinais externos, mesmo diante do caos político e sanitário no qual o país está envolto”, afirma Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, que nota que os investidores, ainda assim, estão vendo todo o cenário negativo, tanto que o Credit Default Swap (CDS) de 5 anos do Brasil, termômetro do risco-País, avançou à marca dos 231.39 pontos no período da tarde, ante 228.38 pontos na véspera. “O investidor também está digerindo o que foi a reforma ministerial e avaliando o quanto isso pode ser positivo ou negativo em relação à ala mais ideológica.”
Para Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos, nos últimos dias, o real estava muito pressionado e houve uma melhora nesta terça. “Não vejo grande mudança de cenário, apenas houve um retorno do exagero que estava tendo”, afirmou, ressaltando que a sessão tem ares de correção técnica.
Segundo Morelli, alguns analistas estão dizendo que o país está no pior momento da pandemia, tendo chegado ao pico da crise sanitária e já se mostram um pouco menos pessimistas. E, do ponto de vista político, a leitura é a de que, com as mudanças nos ministérios, o chamado Centrão ganhou um pouco mais de poder para fazer um contraponto ao governo. “O Centrão é muito pragmático, não vejo desprezando sinais, como até onde pode ir e o que pode ultrapassar, ainda mais no contexto em que foi procurado por empresários”. A despeito disso, a cena política, afirma, ainda é complexa e disfuncional.