30/06/2001 - 7:00
Pouca coisa pode ser mais fascinante do que dar de cara com um gorila em plena selva. Se juntarmos todas as espécies vivas do animal no mundo, não serão mais que 600. Uma das maiores populações desse primata em extinção está em Uganda, mais precisamente em Kabale, cidade que fica a oeste do país africano. Se não for pelos livros de história, você deve ao menos reconhecer a floresta de Bwindi (ou Mgahinga) do cinema. O lugar serviu de cenário para o filme Montanha dos Gorilas, de 1988, que remontou a vida da antropóloga americana Dian Fossey (interpretada no filme por Sigourney Weaver). Dian passou vinte anos de sua vida estudando e convivendo com os gorilas que habitam a região de Uganda, Ruanda e a atual República do Congo ? até ser cruelmente assassinada por caçadores, que ainda continuam agindo na região, negociando o animal por cerca de US$ 1 mil para colecionadores estrangeiros. Hoje, o local é destino obrigatório para quem gosta
do turismo ecológico.
O passeio à Montanha dos Gorilas é uma aventura histórica. Os 480 mil quilômetros quadrados de parques nacionais africanos ficam numa área devastada pelas guerras entre tribos e países rivais. O que não significa que uma visita ao lugar seja um risco de vida. Nos últimos anos, as programações turísticas ganharam mais espaço e profissionalização. Os próprios ambientalistas incentivam o turismo como forma de aumentar a renda das famílias de Uganda, evitando assim que elas recorram à caça como atividade econômica. A primeira, e por enquanto única, operadora a atuar na região é a americana Wild Frontier. ?Existem hoje guias especializados, que são profundos conhecedores das florestas, para liderar grupos em passeios seguros?, diz Glen Gamper, da Ambiental Turismo, empresa que revende no Brasil os pacotes da Wild Frontier. A programação de viagem inclui caminhadas pela floresta até as proximidades dos vulcões, visitas a esconderijos onde moram famílias inteiras de gorilas e até uma ida à Ilha Ngamba ? uma reserva de chimpanzés.
A programação de 11 dias custa cerca de US$ 4 mil, sem incluir as taxas de acesso ao parque (cerca de US$ 280). É como viver,
por alguns dias, a vida de Dian Fossey. Com um grande diferencial: os acampamentos, neste caso, são confortáveis, seguros
e mesmo as refeições feitas no meio do mato são assinadas
por chefs de cozinha.