A garagem cheia de equipamentos e ferramentas faz parte do imaginário de muita gente. Mas além do ideal de casa equipada criada por Hollywood, a verdade é que a posse de utensílios de construção não é necessária para uma grande maioria. O uso pontual para obras e reformas pode ser suprido com o aluguel desses equipamentos e é de olho nesse público que a Casa do Construtor desenvolve seu negócio. Dentro do conceito de economia compartilhada, a rede tem vivido um momento de forte expansão desde o início da pandemia. Essa história recente é baseada no bom momento da construção civil e das reformas que tomou conta das casas durante o período de isolamento. Passado esse cenário, a expectativa de desenvolvimento segue alta, apoiada na mudança de comportamento de consumo e na expansão das lojas. Até 2025 serão 1 mil unidades, e previsão de o faturamento chegar à casa do R$ 1 bilhão em 2024.

Criada por dois amigos de Rio Claro, no interior de São Paulo, a empresa nasceu como um espaço de compra de materiais como pedra e cimento e aluguel de equipamentos. Sem capital para investir em muitas lojas que garantiriam volume de compra e, consequentemente, melhores preços em negociação, Altino Cristofoletti Jr. e Expedito Arena montaram um plano de negócio baseado em franquias. A primeira unidade no formato foi inaugurada em 1998, em Americana (SP). Hoje, aproximadamente 90% das lojas são franqueadas e as unidades próprias funcionam para o desenvolvimento do negócio, para entender de perto o como se faz. Com esse modelo, de acordo com Cristofoletti Jr., a Casa do Construtor tornou-se a principal compradora de máquinas de pequeno porte do Brasil e da América Latina — a rede oferece 90 itens, do andaime ao aspirador de pó.

LOJAS FÍSICAS Crescimento da empresa está baseado na expansão de lojas físicas no Brasil e América Latina. (Crédito:Divulgação)

Durante os momentos mais severos da pandemia, a empresa se beneficiou das obras e reformas que as pessoas fizeram em casa, compensando a perda de clientes PJ, como empreiteiras e condomínios. Uma pesquisa interna da Casa do Construtor mostrou que 60% dos brasileiros fizeram algum tipo de melhoria em suas residências durante a pandemia. Com a volta da vida fora do lar, o público B2B voltou a crescer. Hoje a divisão está em 50%, numa tendência ascendente para as empresas. Com isso, a rede registrou faturamento recorde em agosto, com R$ 63 milhões em locação e um tíquete médio de R$ 250. “Continuamos na perspectiva de crescimento, como a gente havia projetado e está se consolidando na mudança um pouco desse perfil de clientes (mais B2B)”, disse o presidente da Casa do Construtor.

EXPANSÃO O que tem aumentado também para a empresa é a quantidade de lojas. A Casa do Construtor pretende chegar próximo a 600 até o final do ano. Já a médio prazo, até 2025, o objetivo é alcançar 1 mil unidades, dobrando o que tem hoje. No foco de crescimento, está o interior do País, com destaque para as regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Além de aumentar a presença internacional. Das 1 mil lojas previstas, o objetivo é ter 50 fora do Brasil, com foco na América Latina. Atualmente são quatro Casa del Constructor no Paraguai. A quinta unidade deve ser inaugurada no Uruguai até o final deste ano.

Nesse momento de aceleração, a empresa teve crescimento de 45,6% no primeiro semestre, comparado a 2021. Seguindo o ritmo, a expectativa é fechar o ano com o faturamento de R$ 750 milhões, e alcançar a R$ 1 bilhão em 2024, com mais de 2 milhões de contratos assinados. “É um número significativo e mostra a pujança do varejo brasileiro nessa área”, disse Cristofoletti Jr. Levantamento do Sebrae aponta a tendência de criação de micro e pequenas empresas especializadas em aluguel de equipamentos — de diversos setores —, com uma alta de 25% nos últimos quatro anos. Desse universo, o mercado de aluguel de andaimes, por exemplo, teve crescimento de 43% entre 2020 e 2021.

Esse movimento está relacionado à mudança de mentalidade de posse e ao entendimento de que muitas vezes alugar é mais econômico que comprar um bem que não será usado com frequência, o que é observado como tendência em várias áreas. Nessa lógica de economia compartilhada, e com empresas de pequeno porte, sai na frente quem já tem estrutura e bagagem para continuar crescendo.