11/01/2012 - 21:00
Segundo os especialistas, 2012 promete ser um ano mais apetitoso para a renda variável. A economia vai crescer mais que em 2011, os juros devem cair e há boas chances de que, mesmo após vários solavancos, haja uma solução para a crise europeia.
Como aproveitar essas boas perspectivas? DINHEIRO ouviu analistas de oito corretoras e bancos e cada um deles recomendou ações de baixo, médio e alto risco para o investidor. A seguir, as mais votadas e as razões para a sua recomendação:
A mais votada, com sete recomendações. É considerada uma ação de risco médio para o investidor. Mesmo diante da ameaça de desaceleração na economia da China, da qual possui forte dependência, as recomendações do papel para 2012 não foram afetadas. Hoje, o produto da Vale é o de melhor qualidade existente no mundo. Para reforçar, as perspectivas ficaram ainda mais promissoras com a divulgação, na segunda-feira 2, da produção industrial da China. “Os dados apontam que a tendência é de alta do minério de ferro”, diz Rafael Quintanilha, analista da Tov Investimentos. “A Vale tem chances de oferecer bons rendimentos aos investidores, principalmente se o seu risco político for dissipado”, completa Raphael Cordeiro, da Inva Capital. Para outros especialistas, como Lika Takahashi, coordenadora de análise de investimento e estrategista da Fator Corretora, a mineradora brasileira seria menos vulnerável à eventual recaída da economia global do que suas concorrentes estrangeiras. “Além disso, acredito que as cotações atuais já precificam o melhor cenário”, diz Lika.
Em meio à expectativa de que as medidas de incentivo ao consumo do governo impulsionem o setor bancário, a ação apareceu em cinco carteiras recomendadas de oito instituições ouvidas por DINHEIRO. “Acreditamos que a consolidação dos dois bancos (Itaú e Unibanco) tenha ficado para trás e que o papel voltará a oferecer as melhores taxas de retorno do mercado bancário para seus investidores”, diz Raphael Cordeiro, da Inva Capital. “O Itaú Unibanco vai conseguir entregar resultados melhores em 2012, pois provavelmente terá performance superior à de 2011”, afirma Eduardo Oliveira, da equipe de analistas da Um Investimentos. Já o economista Dalton Gardiman, da Bradesco Corretora, aponta a consistência de resultados e estabilização dos índices de inadimplência como fatores para a indicação da ação.
A ação da Ambev recebeu quatro indicações. “A Ambev é uma ação com volatilidade baixa, a empresa é bem administrada, tem participações importantes tanto no mercado local quanto no internacional”, diz Eduardo Oliveira, da Um Investimentos. “Seus resultados continuarão a ser beneficiados pelo volume crescente de vendas de cerveja e a tendência de consumo de produtos de maior valor agregado”, diz Lika Takahashi, da Fator. Já Rafael Quintanilha, da Tov, avalia que a ação da Ambev é muito indicada no cenário de economia interna aquecida, desaceleração da inflação e novas previsões de corte na Selic. “As ações mais defensivas, como as da Ambev, podem ser beneficiadas pelo cenário de melhoria da economia brasileira”, diz Quintanilha.
Apesar de considerada de alto risco para o investidor, a ação da OGX, companhia petrolífera do empresário Eike Batista, foi recomendada por quatro instituições. “Acreditamos que o petróleo continuará próximo de US$ 100 por barril e a empresa iniciou os testes de longa duração na Bacia de Campos”, diz Raphael Cordeiro, da Inva Capital. “2012 promete ser um extraordinário ano para a companhia, que mostrará o início de fato da produção, que promete excelentes resultados”, diz Dalton Gardiman, da Bradesco Corretora.
Segundo os analistas, o preço atual da principal ação do mercado brasileiro não condiz com os fundamentos da Petrobras e com as perspectivas de desempenho com as novas jazidas de petróleo, sobretudo no pré-sal. “A empresa aprovou seu novo plano de investimentos, o que destravou sua agenda e lançou sinais positivos para o mercado”, diz Paulo Roberto Esteves, analista da corretora Gradual. Ele destaca a maior disciplina financeira, a ênfase dos investimentos em exploração e produção e o cenário de crescimento vigoroso da demanda doméstica de derivados de petróleo nos próximos anos, ante a previsão de salto da produção de petróleo e gás dos atuais 2,8 milhões para 6,4 milhões de barris por dia em 2020. Já Leonardo Zanfelicio, analista da corretora Concórdia, espera que o próximo ano seja melhor para a estatal, em função do aumento da produção e da manutenção dos preços do petróleo em níveis remuneradores, em 2012. “As ações ainda estão abaixo do seu valor patrimonial”, diz.
A Cemig é uma das maiores geradoras de energia do País. Ela opera a maior malha de distribuição de eletricidade da América do Sul, com mais de 465 mil quilômetros, e tem se destacado dentro do processo de consolidação do setor elétrico brasileiro, com várias aquisições nos últimos anos. “Recomendamos a ação devido à possibilidade de materialização dos ganhos de sinergia decorrentes de suas principais aquisições, como a Light e Terna”, diz Paulo Roberto Esteves, da Gradual. Segundo ele, a companhia estatal mineira se destaca como consolidadora no setor energético brasileiro, embutindo potencial de crescimento dos resultados adicionalmente ao excelente padrão de remuneração aos acionistas. Outra vantagem, diz Leonardo Zanfelicio, da Concórdia, é que a companhia conseguiu reduzir o risco político inerente às empresas estatais por meio de uma conduta mais alinhada com os interesses dos investidores.
A Cielo foi uma das ações com melhor desempenho em 2010 e 2011. Os analistas apostam na continuidade desse processo, com um crescimento de dois dígitos no volume financeiro de transações nos próximos anos, em função do maior acesso da população a serviços bancários, especialmente por meio de cartões. “O ciclo de ajustes mais fortes, resultante da abertura do mercado de cartões e o novo ambiente competitivo, parece ter chegado ao fim e esperamos maior racionalidade do mercado em 2012”, diz Lika Takahashi, da Fator Corretora.
Mesmo consideradas pelos analistas um papel arriscado, as ações da ALL vão continuar se beneficiando do crescimento das exportações de commodities agrícolas. A empresa possui uma malha ferroviária muito bem localizada e que interliga os principais portos do País. “A ALL possui potencial de crescimento considerável quanto ao transporte de produtos industriais, já que o modal ferroviário é muito mais competitivo que o rodoviário”, diz Leonardo Zanfelicio, da Concórdia. Segundo ele, a empresa também vem diversificando seu negócio de atuação por meio de parceiros que atuam nestes segmentos e que possam se beneficiar da sua malha ferroviária, como é o caso da Brado e da Ritmo.
As ações da estatal mineira Copasa são um porto seguro para o investidor, pois o setor de concessões e saneamento básico é menos vulnerável em momentos econômicos adversos. O fluxo de caixa dessas companhias também é previsível, o que tranquiliza os investidores. “Praticamente toda a receita de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário está amparada por contratos de concessão de longo prazo e a base de clientes é diversificada e pulverizada, com baixo índice de inadimplência”, diz Paulo Roberto Esteves, da Gradual. Mesmo sendo uma ação “defensiva”, a Copasa tem um potencial elevado de expansão das suas operações. A companhia já atua em diversas cidades mineiras e tem capacidade de expansão de sua rede, daí seu empenho em obter concessões em regiões em que ainda não opera. “Esperamos que em 2012 a companhia siga capturando os ganhos desta expansão”, diz Leonardo Zanfelicio, da Concórdia.
As ações da Companhia Paranaense de Energia integram a carteira formada por papéis das empresas brasileiras sustentáveis e socialmente responsáveis da BM&FBovespa. “A empresa vem sofrendo com a queda no preço de energia, devido ao grande volume descontratado que possui”, diz Raphael Cordeiro, da Inva Capital. “No entanto, acreditamos que a nova gestão a colocará no rumo de um crescimento sólido.”