A China anunciou nesta quarta-feira, na véspera da cúpula do G20 em Seul, um forte aumento de seu excedente comercial em outubro, um resultado que poderia aumentar a pressão sobre Pequim para que deixe sua moeda se valorizar, como pedem insistentemente os Estados Unidos.

O excedente comercial da China registrou forte alta em outubro, a 27,15 bilhões de dólares, superando os 16,88 bilhões de setembro, anunciou Pequim nesta quarta-feira antes da reunião do G20 em Seul, que deve abordar a redução dos grandes desequilíbrios na economia mundial.

Também nesta quarta-feira, o departamento de Comércio dos Estados Unidos anunciou que seu déficit comercial foi reduzido em setembro para 44 bilhões de dólares, contra 46,5 bilhões (valor revisado) do mês anterior, graças ao aumento das exportações.

Entretanto, o déficit mantém-se elevado, inclusive para os parâmetros americanos. É o terceiro mais alto desde janeiro de 2009.

O déficit comercial com a China, especificamente, reduziu-se em 2,2 bilhões de dólares, para 27,8 bilhões, mas permanece perto de seus níveis recorde.

As exportações chinesas subiram 22,9% em outubro em ritmo anual, a 135,98 bilhões de dólares, enquanto as importações aumentaram 25,3%, a US$ 108,83 bilhões.

Apesar do aumento das importações chinesas, os indicadores do comércio externo da China não devem contribuir para acalmar Estados Unidos e Europa, que desejam uma valorização mais rápida do iuane, o que Pequim se recusa a fazer até o momento.

O excedente comercial chinês, combinado com o anúncio desta quarta-feira do déficit comercial nos Estados Unidos, alimentará os debates sobre os desequilíbrios comerciais, considera Brian Jackson, analista do Royal Bank of Canada.

Segundo as previsões do Banco Mundial divulgadas no início do mês, o excedente comercial chinês continuará crescendo “em 2011 e em médio prazo”.

Há vários meses, a China recebe cada vez mais pressões sobre a sua moeda desvalorizada em relação ao dólar, o que dá ao iuane vantagem competitiva indevida às exportações chinesas.

Para parlamentares americanos, o dólar está valendo entre 205 e 405 mais em relação ao iuane.

Pequim vem rejeitando, categoricamente, em numerosas ocasiões, uma eventual valorização brutal de sua divisa, afirmando que isso poria em risco suas indústrias exportadoras e milhões de empregos.

O presidente chinês, Hu Jintao, considerou nesta quarta-feira que é essencial uma vigilância mais estrita dos mercados financeiros, “para reforçar a recuperação econômica mundial”. Jintao também se pronunciou contra toda a forma de protecionismo.

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