Os argentinos estão em polvorosa. A presidenta Cristina Kirchner, no afã de economizar preciosos dólares com importações, resolveu agora bloquear a compra de máquinas de estourar pipoca. Isso mesmo: a boa e velha pop corn, consumida nas salas de cinema e de tevê, é vista como uma ameaça ao equilíbrio da balança de pagamentos argentina. O secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, incluiu os equipamentos exportados por empresas americanas, chinesas e russas na vasta lista de produtos barrados pela burocracia peronista. Dentre eles, autopeças, fraldas, sapatos, remédios, pneus, livros e até copos de papel da rede Starbucks. 

 

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O protecionismo econômico de Cristina, que proibiu o uso das verdinhas até nas transações imobiliárias, revela um país sem rumo e fadado ao encolhimento. É uma cena mais melancólica que um tango de Gardel, uma triste situação que não interessa ao Brasil. Seria muito melhor se a Argentina fosse, hoje, um país de Primeiro Mundo, como foi no século XIX, e absorvesse as exportações brasileiras. Mas não será com a adoção de medidas protecionistas que irá estimular a competitividade de sua indústria. Melhor seria criar um ambiente econômico propício aos investimentos, inclusive estrangeiros. Isso passa por redução de impostos, desburocratização, estímulos à inovação e à qualidade, etc., etc. – a lista é longa e de difícil implementação. E vale para o Brasil.

 

Aqui, no saudável diálogo com os empresários para reaquecer a economia, o governo Dilma também precisa ficar atento para não ceder aos apelos protecionistas de setores que tendem a oferecer produtos e serviços inferiores quando não submetidos à competição. A abertura dos Portos é saudável, desde que haja equilíbrio e não prevaleçam as práticas desleais, como o dumping. Isso não quer dizer que um pouco de nacionalismo não seja bom. Como o leitor poderá conferir nas entrevistas do suíço Stephane Garelli, diretor da escola de negócios IMD, e da consultora holandesa de moda Li Edelkoort, favorecer o made in Brazil e o regionalismo é uma atitude inteligente. Se a brasilidade for usada como arma competitiva, e não como barreira, o País irá sair mais forte da crise.