Por David Ljunggren

OTTAWA (Reuters) – Nações desenvolvidas devem cumprir com três anos de atraso a promessa de comprometimento de um total de 500 bilhões de dólares para ajudar países mais pobres a enfrentarem a mudança climática, e reconhecem que isto prejudica a confiança mútua, disse nesta segunda-feira Alok Sharma, presidente da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26).

Em 2009, nações ricas prometeram oferecer 100 bilhões de dólares por ano durante um quinquênio a partir de 2020. Mas um plano de execução, preparado por Canadá e Alemanha antes da COP26 na Escócia, disse que a meta anual não será cumprida antes de 2023.

O financiamento climático é um tema crucial da cúpula, que busca compromissos nacionais mais ambiciosos para limitar o aquecimento global. Não atingir a meta é um símbolo de promessas descumpridas que complica os esforços para determinar objetivos para elevar a ajuda relativa ao clima.

“Compreensivelmente, isto é uma fonte de frustração profunda para os países em desenvolvimento”, disse Sharma em uma coletiva de imprensa televisionada. “O objetivo de montar este plano é recriar a confiança… os países terão que fazer isto dar certo.”

Canadá e Alemanha disseram que acreditam que um progresso significativo será feito em 2022 e que têm confiança de que a meta de 100 bilhões de dólares será atingida em 2023.

“Os dados também nos dão a confiança de que provavelmente conseguiremos mobilizar mais de 100 bilhões de dólares por ano daí em diante”, afirma o plano de 12 páginas.

Grupos ambientalistas dizem que isto nem chega perto do que seria preciso. Nações africanas acreditam que o financiamento deveria ser elevado mais de dez vezes e chegar a 1,3 trilhão por ano até 2030, disse um destacado negociador africano do clima à Reuters neste mês.

Teresa Anderson, coordenadora de políticas do clima da ActionAid International, disse que cumprir a meta é o “mínimo necessário para se criar confiança” nas conversas climáticas.

“Os líderes mundiais precisam reconhecer e abordar a defasagem escandalosa entre a meta atual de 100 bilhões de dólares por ano e os trilhões necessários para se enfrentar a escala e a urgência da crise”, disse ela em um comunicado.

O ministro do Meio Ambiente alemão, Jochen Flasbarth, disse que é “extremamente lamentável” que a meta não tenha sido cumprida até 2020, como planejado.

A COP26 começa em 31 de outubro na cidade escocesa de Glasgow.

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