23/04/2022 - 0:02
As uvas que centenas de turistas dão às iguanas nas paradisíacas ilhas das Bahamas fazem com que seus níveis de açúcar no sangue subam, provocando consequências ainda desconhecidas para essas espécies ameaçadas, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira (22).
Dezenas de lanchas atracam todos os dias nas praias de areia branca das ilhotas do arquipélago de Exumas, atraindo as iguanas Cyclura cychlura, espécie herbívora e com até 50 centímetros de altura.
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Os grandes lagartos, que vêm a um desses passeios de “ecoturismo” em que são alimentados com cachos de uvas, são classificados, de acordo com a subespécie, entre “vulneráveis e em perigo de extinção”.
Uma equipe de pesquisadores americanos estudou o efeito desse alimento no metabolismo dos animais.
Para isso, compararam o nível de glicose no sangue das iguanas com o de animais da mesma espécie, mas que vivem em ilhotas cuja topografia impede o ecoturismo.
Os resultados de seu trabalho em quatro populações de iguanas (duas alimentadas com uvas e duas com alimentação natural) publicados no Journal of Experimental Biology mostram que “efeitos significativos” são observados em iguanas alimentadas por turistas, que têm um nível de glicose no sangue muito mais alto.
Para ter certeza de que estavam se alimentando de uvas que causam essa hiperglicemia, os pesquisadores reproduziram o experimento em laboratório com iguanas verdes comuns, uma espécie desprotegida, e obtiveram os mesmos resultados.
Os pesquisadores reconhecem que eles próprios não sabem se essa mudança no metabolismo é ruim para a saúde dos lagartos.
Mas “poderíamos chamar de diabetes se fossem humanos ou camundongos”, disse Susannah French, principal autora do estudo, à AFP.
Além disso, os pesquisadores já estão percebendo efeitos fisiológicos, por exemplo, nas fezes “em forma de charuto”, quando as iguanas têm sua dieta natural de plantas, mas muito mais líquidas com a contribuição de frutas.
Um estudo anterior já havia mostrado que as iguanas que vivem nas praias onde são alimentadas são maiores, mais pesadas e crescem mais rápido do que seus co-específicos não expostos aos turistas.
Os pesquisadores, que insistem que seu estudo não é uma condenação ao turismo, querem cooperar com as operadoras de turismo para “encontrar um plano mais sustentável”, diz outro autor do estudo, Charles Knapp.
Entre as pistas, regular o número de visitantes ou “o uso de outro tipo de alimentação”.