Com dívidas que ultrapassam os R$ 20 bilhões, a Gol Linhas Aéreas considera pedir Recuperação Judicial nos Estados Unidos. Sua maior concorrente no mercado brasileiro, a Latam, entrou com o mesmo pedido em 2020. 

No entanto, não é só a companhia brasileira que está passando por dificuldades. De acordo com estudo desenvolvido pela Economática, as companhias aéreas perderam mais de US$ 4 bilhões em valor de mercado entre janeiro de 2023 e 2024. 

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No período, todas as ações do setor tiveram desempenho negativo. Em períodos mais extensos, a situação é pior, com uma queda média em dólares de 49,7% em um período de quatro anos e de 38,8% em cinco anos.

Qual o futuro das aéreas? 

Conhecido por ser um setor muito difícil para os investidores devido a sensibilidade grande a custos e sazonalidades, o mercado ainda não se recuperou totalmente da pandemia de Covid-19 e viu os custos ficarem cada vez mais altos. 

“As empresas vivem o reflexo pós-pandemia, que deteriorou os caixas. Uma demanda que ainda não é semelhante ao cenário pré-pandemia. Temos a elevação de despesas para voltar a treinar e contratar, petróleo, que nos últimos 20 meses esteve muito alto, e a transferência de valor para os tickets não é imediata, além da alta concorrência”, explicou Bruno Corano, especialista em mercado financeiro. 

Custo de capital deve seguir alto

Ainda tentando se recuperar dos anos da pandemia, as companhias aéreas devem passar por dificuldades também em 2024. Além do preço do querosene de aviação e altos custos operacionais, o setor ainda precisa lidar com custos de capital altos. 

O custo de capital é referente à taxa de retorno que uma empresa deve ter ou obter sobre seus investimentos para atender as expectativas do mercado. Seja dos bancos que estão financiando, seja dos investidores. Em um cenário onde os juros estão altos, esse custo é elevado, o que pode fazer com que empresas não invistam em novos projetos, como expansão de operações ou na construção de uma nova planta.

A especialista em Relações com Investidores Melissa Angelini explica que, por mais que essas empresas possam garantir lucros operacionais em 2024, eles ainda permanecerão abaixo dos custos de capital, que permanecerão elevados por conta das taxas de juros.  

“O relatório da International Air Transport Association (IATA) indica uma estabilização dos lucros das companhias aéreas, com um aumento previsto no lucro líquido global. Embora haja expectativas positivas, é crucial notar que esses lucros ainda permanecerão abaixo do custo de capital. O setor busca equilibrar a demanda crescente com desafios operacionais, como a escassez de controladores de tráfego aéreo e atrasos na entrega de aeronaves. Apesar dos lucros mostrarem uma estabilização, ainda não atingiram a taxa de retorno esperada pelos investidores. O que faz com que seja um setor ainda bastante arriscado para investidores e com bastantes desafios”, encerrou.