O debate eleitoral do ano que vem exigirá dos candidatos à presidência uma sensibilidade maior na hora de falar sobre economia. Segundo uma pesquisa da Genial/Quest, 41% dos eleitores terão a condução da política econômica do País no centro das atenções na escolha de seu candidato. A principal demanda é a apresentação de propostas para redução do desemprego (citada por 19%), seguida por crescimento econômico (14%) e controle inflacionário (9%).  É em cima destes temas que os pré-candidatos precisam se debruçar.

Para alguns potenciais candidatos, como Sérgio Moro, a estratégia é adotar um fiador, em uma postura similar a de Jair Bolsonaro com Paulo Guedes na campanha de 2018. Quando se filiou ao Podemos, no final de novembro, Moro sinalizou uma aproximação com Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central. O economista, no entanto, admitiu ser conselheiro, mas não esta no papel de Posto Ipiranga no presidenciável. Dória também tem um ex-presidente do BC de tiracolo. Henrique Meirelles, hoje secretário da Fazenda do Estado, deve garantir ao tucano algum prestígio para falar sobre economia.

Dentro do PDT, o pré-candidato Ciro Gomes costuma dizer que dialoga com várias frentes de condução econômica, e forma uma linha de pensamento moderada. Economista formado, Ciro possui forte influência desenvolvimentista e progressista, traços que devem marcar suas falas nos debates eleitorais. A pré-candidata do MDB, Simone Tebet também disse conversar, mas não citou nenhum  conselheiro formal. “Primeiro vamos desenvolver um projeto que atenda as demandas do povo e da economia, depois convidamos economistas para ajudar a construir o projeto que queremos. Não o inverso”, disse ela na oficialização de sua pré-candidatura.

E se algumas cartas estão na mesa, outras ainda estão guardadas. Primeiro nas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem escondido o jogo sobre a própria candidatura, que dirá acerca de eventuais chefes para a economia. E essa é uma estratégia de pôquer. E Lula sabe jogar. Entregar nomes agora só abriria espaço para críticas e minaria também as negociações particulares do PT com outros setores da política e econômica, que podiam se sentir preteridos.

Esconder o jogo também parecia ser o movimento do segundo colocado nas pesquisas e atual presidente, Jair Bolsonaro. Por alguns meses ele tentou dar sinais de que Guedes poderia não o acompanhar em um eventual segundo governo, mas com os indicadores econômicos derretendo, precisou reforçar a união dos dois para tentar manter algum nível de normalidade na condução economia atual. E essa é a melhor jogada dele nesse momento já que, se o atual presidente quer ter chance de ganhar em 2022, ele precisa apresentar soluções agora. Segundo a pesquisa da Genial 70% eleitores acham que a economia piorou no último ano, fato que será insistentemente citado em debates eleitorais e que exigirá de Bolsonaro, além da presença nos encontros para se defender, uma agenda positiva para desviar o assunto.