Ele virou mania nos Estados Unidos e bateu todos os recordes em 2003. Tornou-se o primeiro avião a atingir a marca de mil unidades vendidas em apenas quatro anos desde o primeiro negócio fechado. Apenas na Europa, já foram entregues mais de 100 exemplares. E os pedidos não param de chegar: as encomendas alcançam 60 unidades por mês. Eis o novo rei dos ares, o americano Cirrus SR 22. É uma pequena aeronave de US$ 313 mil que desbancou o Cessna 182 Skylane, seu principal concorrente no segmento de monomotores. É uma espécie de Volkswagen voador. Transformou-se na aeronave dos ricaços americanos afeitos a rápidos deslocamentos pelo país. Virou fetiche. ?Seu trunfo é ser relativamente barato e de fácil pilotagem?, diz Ernesto Klotzel, especialista em aviação.

 

A história do novo sucesso da aviação se confunde com a trajetória de grandes empresas como a Microsoft e a HP, que nasceram em garagens e tornaram-se sinônimo de tecnologia. A Cirrus Design, companhia que fabrica o SR 22, foi fundada em meados da década de 80 pelos irmãos Alan e Dale Klapmaier. O primeiro modelo surgiu de uma forma amadora no celeiro da fazenda de seus pais. Hoje, sediada em Duluth, no estado de Minnesota, produz um dos melhores monomotores do mundo. ?Ele é um dos únicos a ter pára-quedas, capaz de sustentar a aeronave no caso de uma queda?, diz Valtécio Alencar, especialista da revista Aero Magazine. Com esse recurso, em outubro de 2002 ele bateu outro recorde. O SR 22 tornou-se o primeiro na história da aviação civil a pousar com pára-quedas depois de uma pane no motor. Se o mesmo problema tivesse acontecido com outro avião, seria fatal. Além da segurança, o modelo tem a vantagem de ser mais leve.

O Cirrus SR 22 é construído em fibra de vidro em vez do tradicional alumínio. Isso proporciona maior espaço para os quatro passageiros e maior agilidade para o piloto. Ele atinge uma velocidade de 335 km/h e tem uma autonomia de vôo de 1,85 mil km, o que permite ir de São Paulo a Porto Alegre sem escalas. O C 182 Skylane, o principal concorrente, por sua vez, fica para trás: atinge 294 km/h e tem uma autonomia de vôo de 1,65 mil km. Os equipamentos de bordo também esbanjam modernidade. ?O computador dá todas as informações sobre o vôo em uma tela de cristal líquido?, diz Alencar. ?Esse tipo de mecanismo não é usual em aviões de pequeno porte.?