14/11/2022 - 16:22
Depois de duas tentativas fracassadas, a Nasa faz os ajustes finais para o lançamento de seu megafoguete à Lua, programado para a quarta-feira (16) na Flórida, que marcará o início do novo programa insígnia da agência espacial americana, Artemis.
Cinquenta anos após o último voo da espaçonave Apollo, a Nasa espera agora estabelecer uma presença humana duradoura na Lua a fim de se preparar para futuras viagens a Marte.
A missão Artemis 1, um voo de teste não tripulado, é a primeira etapa.
O lançamento do foguete SLS, que deve se tornar o mais potente do mundo, está marcado para as 01h04 locais (03h04 de Brasília) de quarta-feira, com uma possível janela de lançamento de duas horas.
A contagem regressiva já recomeçou no Centro Espacial Kennedy, no estado da Flórida (sudeste dos Estados Unidos), onde a enorme nave laranja e branca aguarda pacientemente por seu voo inaugural.
A decolagem está programada para menos de uma semana após a passagem do furacão Nicole, quando o foguete foi atingido por fortes ventos em sua plataforma de lançamento.
O lançamento, porém, aguarda a confirmação em uma reunião final marcada para hoje: os encarregados da missão devem determinar o risco associado ao furacão, que danificou uma fina camada de selante na altura da cápsula Orion, localizada na parte superior do foguete.
O objetivo é avaliar se esse material corre o risco de se desprender no momento da decolagem e, portanto, representar um possível problema.
Duas datas alternativas estão previstas para o lançamento: 19 e 25 de novembro.
Mas Mike Sarafin, encarregado da missão, mostrou-se otimista no domingo à noite: “Tenho um bom pressentimento sobre esta tentativa em 16 de novembro”, disse em entrevista coletiva.
– Tempo favorável –
Pela primeira vez, o clima promete ser ameno, com 90% de chances de tempo favorável durante a janela de lançamento.
No final de setembro, o foguete teve que ser devolvido ao hangar de montagem para protegê-lo de outro furacão, Ian, que atrasou a decolagem por várias semanas.
Antes desses contratempos climáticos, outras duas tentativas de lançamento falharam poucas horas antes da contagem regressiva.
O primeiro cancelamento se deveu a um sensor com defeito e o segundo a um vazamento de combustível durante o abastecimento dos tanques do foguete.
Desde então, a Nasa substituiu uma seção selada e modificou seus procedimentos para evitar o choque térmico tanto quanto possível. Um novo teste foi realizado com sucesso no final de setembro.
As operações de abastecimento devem começar na tarde de terça-feira, sob as ordens de Charlie Blackwell-Thompson, a primeira diretora de lançamento da Nasa.
– Rumbo a Marte –
Cerca de 100.000 pessoas são esperadas ao longo da costa para acompanhar esta decolagem noturna, durante a qual o foguete promete iluminar o céu com uma enorme bola de fogo.
A cápsula Orion será impulsionada por dois propulsores e quatro motores potentes abaixo da seção principal, que vão se separar alguns minutos depois. Depois de um último empuxo da parte superior, a cápsula estará a caminho da Lua e demorará vários dias para chegar ao satélite natural da Terra.
A cápsula não vai pousar lá, mas entrará em uma órbita distante, aventurando-se a se posicionar inclusive 64.000 km atrás da Lua, mais longe do que qualquer outra espaçonave tripulada até hoje.
A cápsula iniciará, então, seu retorno à Terra. Seu escudo térmico, o maior já construído, terá que resistir a uma temperatura equivalente à metade daquela na superfície do Sol ao atravessar a atmosfera.
Se o lançamento ocorrer nesta quarta-feira, a missão durará no total 25 dias e meio, com pouso no Oceano Pacífico no dia 11 de dezembro.
O sucesso desta missão é crucial para a Nasa, que desenvolve o foguete SLS há mais de uma década com investimento de mais de US$ 90 bilhões em seu novo programa lunar até o final de 2025, de acordo com uma auditoria pública.
Após esta primeira missão, Artemis 2 levará astronautas à Lua em 2024, mas sem pousar ainda. Essa honra será reservada para a tripulação do Artemis 3, prevista no mínimo para 2025.
O nome Artemis foi tomado de uma figura mitológica feminina, irmã gêmea do deus grego Apolo, fazendo eco do programa Apolo, que enviou 12 homens à superfície lunar entre 1969 e 1972.
A Nasa pretende desta vez enviar a primeira mulher e a primeira pessoa negra ao satélite natural.
A agência espacial americana pretende, então, iniciar a construção de uma estação espacial orbital ao redor da Lua e uma base em sua superfície.