Vem aí a mais nova ? e a maior ? financeira do País. Na segunda-feira, começa a funcionar o Banco Finasa, com uma carteira de empréstimos de R$ 7 bilhões, quase o dobro da segunda colocada, a Aymoré, segundo especialistas do mercado. Com 1.200 funcionários, e 51 lojas espalhadas pelo País, a nova empresa administra um bilhão de contratos. Todo esse gigantismo tem uma história: a Finasa pertence ao maior banco privado do Brasil. Nos últimos anos, o Bradesco colecionou aquisições de bancos e financeiras. Em 1997, comprou o BCN. Levou a Continental em 1998. E, em 2002, adquiriu a financeira da Ford e o banco Mercantil, dono da bandeira Finasa. Agora, o banco uniu todas as financeiras e as colocou debaixo de uma grife única. ?Optamos pela Finasa porque é um nome com mais de 50 anos de tradição?, diz José Luiz Acar Pedro, presidente do BCN, que também ficou responsável pela nova financeira.

O Bradesco tem planos agressivos para sua nova empresa. No ano passado, as financeiras que hoje estão debaixo do mesmo guarda-chuva fecharam contratos no valor de R$ 2,2 bilhões. Mesmo com toda a crise e a incerteza da economia brasileira, a Finasa quer dobrar seus negócios em 2002. O número de lojas vai crescer. Só no segundo semestre, a Finasa vai abrir cinco novos pontos-de-venda. A estratégia do Bradesco é ganhar escala, seja por meio de abertura de lojas ou novos negócios. ?Estamos em plena safra de fusões e aquisições?, disse o diretor executivo da Finasa, Paulo Ísola, em entrevista recente à DINHEIRO. E não é só o Bradesco. Vários bancos estão se movimentando nessa área. Recentemente, o HSBC tentou comprar a Losango, do banco Lloyds, especializada em veículos, mas achou o preço alto demais. O Unibanco comprou pedaços da Investcred, da Fininvest e da financeira do Magazine Luíza. Segundo fontes do mercado, agora cobiça a Cacique.

Toda essa movimentação faz sentido. Nos últimos anos, as financeiras provaram ser um negócio muito rentável. Um bom exemplo é a Investcred, que financia as vendas da rede Ponto Frio. Segundo a consultoria Austin Asis, a Investcred apresentou no ano passado uma rentabilidade de 28,5% sobre o patrimônio líquido ? indicador superior à grande maioria dos bancos. Outro motivo de interesse pelas financeiras é que elas têm um forte potencial de crescimento. Toda vez que a economia se estabiliza e os juros caem, a população corre às lojas para comprar roupas, eletrodomésticos e carros a prazo. O fenômeno pode ser medido com precisão nas revendas de automóveis. Antes do Plano Real, só 10% das vendas de carros eram financiadas. Hoje, de cada dez negócios, seis são parcelados. Os especialistas dizem que a tendência é de se alcançar a média dos EUA, onde 85% das vendas são a prazo. Responsável por 18% das aquisições de carros novos no País, a financeira do Bradesco quer entrar com tudo nessa briga.