03/06/2015 - 0:44
Um navio com mais de 450 pessoas a bordo afundou no rio Yangtsé, centro da China, na segunda-feira e as equipes de emergência resgataram até o momento apenas 14 sobreviventes e recuperaram sete corpos.
Os socorristas lutam contra o tempo a procura de mais de 400 pessoas que permanecem desaparecidas, possivelmente presas no casco virado do navio.
“Enquanto existir uma esperança daremos 100%, sem desistir”, afirmou o ministro chinês dos Transportes, Yang Chuantang, 35 horas após a tragédia.
Até o momento, as equipes de emergência resgataram 14 pessoas, incluindo o capitão e o engenheiro-chefe, que afirmaram que a embarcação foi surpreendida por um tornado.
As operações de resgate, que empregam milhares de pessoas, são supervisionadas diretamente pelo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.
As autoridades reduziram a vazão das turbinas da imensa represa de Três Gargantas para facilitar as operações de socorro, enquanto foi aberto um buraco na parte superior do casco, que está fora d’água.
A TV estatal mostrou homens com maçaricos abrindo o buraco no casco da embarcação.
Um grupo de 140 mergulhadores também trabalha contra o tempo para tentar entrar no navio, mas o clima complica os trabalhos, segundo os meios de comunicação oficiais.
O Dongfangzhixing (Estrela do Oriente), que zarpou de Nanquim (leste) com destino a Chongqing (centro), naufragou durante a passagem pelo distrito de Jianli, na província de Hubei.
As autoridades temem que o naufrágio se torne a pior tragédia da história recente de transporte fluvial da China.
No momento do naufrágio, às 13h28 GMT de segunda-feira (10h28 de Brasília), viajavam 458 pessoas: 406 passageiros chineses, cinco trabalhadores de uma agência de viagem e 47 membros da tripulação, declarou a CCTV, dando a entender que não havia cidadãos estrangeiros a bordo.
A causa do naufrágio ainda é desconhecida, mas a televisão afirma que se tratou de um acidente.
Os jornalistas estrangeiros não podem ter acesso ao local do ocorrido, constatou a AFP.
A polícia já ouviu os depoimentos do capitão e do engenheiro-chefe, segundo a Xinhua. Ambos afirmaram que o barco se inclinou subitamente e afundou em “menos de um minuto”.
Um dos sobreviventes, Zhang Hui, narrou que a tragédia ocorreu de maneira rápida. Pouco antes do barco virar, “a chuva batia no flanco direito e entrava em muitas cabines”, explicou esta testemunha.
Segundo a imprensa oficial, sete pessoas que conseguiram chegar a nado à margem deram o alerta.
Mais de 100 passageiros reservaram as passagens em uma agência de turismo de Nankin, enquanto as demais reservas ocorreram em Suzhou e em outras cidades, declarou Yao Wenge, oficial encarregado do transporte fluvial, citado pela agência Xinhua.
Um número importante de turistas tinha entre 50 e 80 anos, informou o jornal Hubei Ribao, citando fontes oficiais.
De acordo com a CCTV, a embarcação – que media 76,5 metros de comprimento – era capaz de transportar até 534 pessoas, e pertencia a uma empresa que operava passeios na região da represa das Três Gargantas.
Segundo a imprensa estatal, o presidente Xi Jinping ordenou o emprego de “todos os esforços possíveis” nas tarefas de resgate.
O primeiro-ministro, Li Keqiang, chegou ao local do naufrágio para coordenar pessoalmente os trabalhos.
Nas redes sociais, os internautas chineses lamentaram a falta de cobertura da mídia: “quando o ferry (Sewol) afundou (no ano passado) na Coreia do Sul, a televisão sul-coreana informou 24 horas”.
Em janeiro, 22 pessoas morreram – incluindo oito estrangeiros – quando um rebocador afundou no Yangtsé entre as cidades orientais de Jingjiang e Zhangjiagan.
Após o acidente, o governo provincial disse que o barco estava em fase de testes sem completar adequadamente os procedimentos necessários e sem fornecer informações sobre a condição do navio, tal como exigido pelos regulamentos.
O Yangtsé é o rio mais longo da Ásia, com 6.300 km, e tem registrado várias tragédias fluviais.