14/06/2025 - 14:00
O transporte marítimo também tem sua parcela de contribuição em emissões de CO2 equivalente. Mas o comércio mundial depende desse tipo de transporte e, por isso, algumas soluções para minimizar o impacto de navios gigantes circulando pelos oceanos para abastecer o mundo têm sido pensadas, como navio a vela.
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Essa foi a opção da Cargill para transportar 72 mil toneladas métricas de açúcar a partir do Terminal Açucareiro Copersucar (TAC), no Porto de Santos. A embarcação, de nome Pyxis Ocean, é um navio a vela que partiu na última semana com destino à China e vai cruzar o globo usando o vento como combustível auxiliar.
Segundo a Alvean, subsidiária da Copersucar responsável pelo transporte, a tecnologia permite uma redução de até 30% no consumo de combustível em condições ideais, diminuindo a pegada de carbono do transporte marítimo.
O Pyxis Ocean é equipado com duas WindWings (enormes velas metálicas) que medem 37,5 metros de altura, equivalente a um prédio de 12 andares. As asas são instaladas verticalmente para capturar o vento e impulsionar o navio para a frente, como a lógica de qualquer veleiro. Assim, o motor do navio é menos exigido e utiliza menos combustível. Com isso, o navio consegue manter a velocidade ideal, com menos emissões.
O Pyxis Ocean é um projeto de cooperação entre a Cargill, a BAR Technologies, a Mitsubishi Corporation e a Yara Marine Technologies, e é o primeiro navio cargueiro a ser adaptado com as velas propulsoras.
O projeto WindWing recebeu financiamento do programa de pesquisa e inovação Horizon 2020, da União Europeia. De acordo com a Cargill, as WindWings podem ajudar os proprietários de navios a cumprir metas de descarbonização no transporte marítimo. A empresa destaca que, em uma rota internacional média, as WindWings podem poupar 1,5 toneladas de combustível por vela ao dia, com a possibilidade de poupar mais em rotas transoceânicas.
Segundo a Copersucar, a única adaptação no terminal para o Pyxis Ocean é que ele teve que atracar de bombordo – ou à esquerda – por conta da presença das velas fixadas na lateral onde normalmente os rebocadores atuam. Essa foi a primeira viagem feita para o transporte de açúcar. Por enquanto, não há previsão de novas viagens, que dependem da disponibilidade da embarcação.
Em setembro de 2023, o mesmo navio fez o transporte de 63 mil toneladas de farelo de soja até a Polônia saindo do Porto de Paranaguá, no Paraná.