Segundo um estudo publicado nesta quinta-feira (13), neandertais e seres humanos coexistiram em lugares da Europa mais de 2.000 anos atrás. A descoberta desse período abriu as portas para possíveis trocas de aprendizados ou de reprodução entre as espécies.

O artigo publicado na revista Scientific Reports não fornece nenhuma prova direta de interação entre as duas populações aproximadamente 40.000 anos atrás.

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No entanto, os cientistas sabem que houve contato. Por conta das análises de outros estudos e também do trabalho do paleogeneticista sueco Svante Pääbo, recém ganhador do Prêmio Nobel de Medicina, foi possível mostrar que boa parte da população mundial guarda DNA dos neandertais.

O que falta ser averiguado é “em que região exata ocorreram” esses possíveis encontros, ressalta o principal autor do estudo, Igor Djakovic, estudante de doutorado na holandesa Universidade de Leiden.

A duração da simultaneidade das duas espécies também não é especificada.

A equipe de Leiden examinou com carbono-14 o total de 56 objetos, 28 dos neandertais e 28 dos Homo sapiens. Os artefatos foram encontrados em 17 locais da França e do norte da Espanha.

Para criar modelos estatísticos de probabilidade de cruzamento, os investigadores utilizaram a datação desses artefatos, entre eles facas de pedras e ossos atribuídos aos últimos neandertais.

A conclusão é que os neandertais desapareceram entre 40.870 e 40.457 anos atrás, enquanto os humanos “modernos” apareceram nesta parte do continente há aproximadamente 42.500 anos. Ou seja, ambas as espécies coexistiram por um período de 1.400 a 2.900 anos.

É um período que coincide com “uma grande difusão de ideias” nesses respectivos povos, explica Igor Djakovic à AFP.

Dos utensílios aos ornamentos, a forma como os Homo sapiens fabricavam objetos mudou substancialmente, confirma o especialista. Os neandertais também mudaram de “forma bastante radical” suas maneiras de fazer seus objetos, parecidas com os dos seres humanos.

Esse fenômeno reforçaria a tese que explica o desaparecimento dos neandertais. “Foram absorvidos em nosso patrimônio genético”, indica o doutorando da Universidade de Leiden.

Ao permanecer em nosso DNA “você pode dizer que, de certa forma, o neandertal nunca desapareceu realmente”, diz Djakovic.