O empresário David Neeleman, fundador da Azul, terceira maior companhia aérea do País, viu no Brasil a oportunidade de desenvolver o mercado doméstico de aviação e levar os brasileiros aos mais longínquos rincões. Em 2008, quando criou a empresa, os viajantes brasileiros tinham à disposição poucos voos cujo destino não era uma capital. Seis anos depois, Neeleman, filho de um missionário mórmon americano, nascido na capital paulista, mas criado nos Estados Unidos, onde entrou para o mundo da aviação ao fundar a JetBlue, uma das pioneiras do chamado “low cost”, vai voar de volta para casa.

A Azul assinou um contrato de leasing de 11 aeronaves da Airbus com a empresa de arrendamento ILFC. O negócio pode chegar a US$ 2 bilhões. Serão cinco modelos A 350, que chegarão em 2017, e seis A 330, que estarão no Brasil a partir de julho deste ano. As aeronaves serão usadas para dar início aos voos internacionais da empresa. “Nós sabemos para onde os brasileiros querem ir, por isso os primeiros voos serão para Miami, Orlando e Nova York”, afirma Neeleman. Segundo o empresário, a Azul deverá fazer uma parceria com a JetBlue para distribuir os brasileiros nos EUA. O arrendamento terá um prazo entre oito e 12 anos.

Atualmente, a companhia opera em 104 cidades, com 880 voos diários. “Continuamos sendo uma empresa regional muito forte”, diz Antonoaldo Neves, presidente-executivo da Azul. “Esse novo passo vai permitir que o Brasil do interior possa ir mais longe.” Atualmente, 85% dos voos para os Estados Unidos são feitos por companhias americanas. Pelo acordo bilateral firmado pelos países, que permite às companhias aéreas definir o número de voos entre os dois países, há espaço para empresas brasileiras operarem essa rota. Em contrapartida, já não há mais slots (horários disponíveis para pouso e decolagem) para as americanas.

Os voos vão sair de Viracopos e já estão autorizados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Para o professor e pesquisador da Fundação Dom Cabral, Hugo Tadeu, a estratégia da Azul visa a diminuir os custos operacionais, que, em sua maioria, são tarifados em dólar. “A expectativa de crescimento dos voos internacionais é maior do que a da aviação doméstica”, diz Tadeu. “Os custos operacionais para fora do País têm sido menores.” Além disso, no caso de Neeleman, ficará mais fácil visitar a família.