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Mercado em crescimento: setor de pets fatura R$ 16 bilhões no Brasil e cresce 7% a cada ano

Ano a ano, o número de recém-nascidos cai no Brasil. Por outro lado, em vez de bebês, as famílias brasileiras estão cada vez mais adotando outros tipos de filhos, mais precisamente filhotes peludos e de quatro patas. Não à toa, o Brasil é o segundo maior mercado populacional de animais de companhia. São 32 milhões de cachorros e 16 milhões de gatos. Isso sem contar os passarinhos, peixes, coelhos e outros.

Para os donos, vale tudo para agradar aos bichos. E isso cria um mercado que cresce, em média, 7% ao ano, com estimativa de uma receita de R$ 16 bilhões em 2009. Para se ter ideia, as indústrias de brinquedos instaladas aqui esperam faturar, no total, R$ 2,7 bilhões no mesmo período. Para atender a qualquer possível anseio dos animais, o setor lança dezenas e dezenas de produtos anualmente. Alguns deles, no mínimo, curiosos: tatuagens, hotéis, spa, florais, joias, convênio médico e até mesmo cadelas infláveis.

A quantidade de ofertas de alimentos também é imensa. Tanto que o Brasil é o único lugar do mundo que tem um mercado tão agressivo e pulverizado. Existem hoje mais de 160 fabricantes de ração, segundo a Associação Nacional de Fabricação de Alimentos para Animais, Anfal- Pet. A grande maioria delas são regionais e de pequeno porte e baseiam sua estratégia em preços baixos. Pois uma multinacional, a Royal Canin, oferece produtos 30% mais caros do que a concorrência e, mesmo assim, garante: há espaço para crescer 10% ao ano por aqui, mais do que a taxa prevista para expansão do mercado, de 7%.

Qual sua receita, então? “Nossos produtos rendem mais e visam não apenas alimentar, mas oferecer saúde aos bichos”, garante Jean-Christophe Flatin, presidente mundial da companhia. A multinacional também aposta na oferta de alimentos especializados e acaba de lançar no Brasil, simultaneamente, 13 novos itens. Cada um deles voltado para uma raça específica de cachorros, como bulldog francês, pug e westie. Um dos lançamentos promete até prevenir cálculo renal em gatos. “O animal é como um bebê, que, se mal alimentado, terá problemas quando adulto. Nosso diferencial é pensar nas necessidades físicas de cada um deles”, afirma Flatin.

Criada em 1968 pelo veterinário francês Jean Cathary, no tempo em que cachorros eram alimentados apenas com comida, a companhia triplicou de tamanho desde que foi comprada pela americana Mars, em 2002. O Brasil foi fundamental nessa trajetória de crescimento. A receita do País, de R$ 120 milhões em 2008, cresce mais do que a média mundial da companhia nos últimos anos. Mesmo assim, a Royal acredita ter ainda um imenso potencial de mercado a ser explorado. “Por ser um país emergente, é cada vez maior o número de pessoas que oferecem bons produtos, mesmo que sejam mais caros”, comenta Flatin. Segundo dados da Anfal-Pet, há um grande espaço para ser conquistado pelo setor no País. A associação calcula um potencial de mercado na casa dos 4,1 milhões de toneladas de alimentos para ser atendida no mercado brasileiro. Hoje, o consumo encontra-se em 1,78 milhão de toneladas. “Há ainda muitos animais que consomem alimentos, cerca de 46% da população de cães e gatos no Brasil”, diz José Maria Parra, presidente da Anfal-Pet.

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“É cada vez maior o número de ofertas de bons produtos, mesmo que sejam mais caros ”
Jean-christophe flatin, presidente mundial da royal canin”

Do total faturado pelo segmento no País, 64% são provenientes de alimentos. De acordo com estimativa de Ligia Amorim, diretora-geral da NürnbergMesse Brasil, organizadora da Pet South America 2009, 7% dos donos de animais de estimação gastam, em média, R$ 400 mensais com cuidados com o cão.

Para eles, preço não é problema. “Isso porque o bicho passou a ser um ente da família e merece todo conforto, independentemente de quanto os donos tenham de pagar por isso”, comenta a executiva. Isso torna cada vez mais improvável que os versos de uma irônica música de Léo Jaime, gravada por Eduardo Dusek, se tornem realidade: “Troque seu cachorro por uma criança pobre.”