16/11/2005 - 8:00
Família que investe unida paga menos tarifas, tem acesso a aplicações mais flexíveis e ganha benefícios tributários. O caminho para tais facilidades é o chamado clube de investimento, aplicação cada vez mais usada por famílias de alta renda no Brasil. Esse é o caso do empresário paulista Walter Kirschner, de 53 anos, que iniciou este mês as operações de um clube para sua família. Ele reuniu o pai, Renato Kirschner, de 74 anos, e o filho Eduardo Kirschner, de 22 anos, e decidiu criar um clube com a corretora Spinelli. Os Kirschner deverão fazer aportes mensais pequenos (em torno de R$ 100 de cada cotista), mas mas o clube, com capital inicial em torno de R$ 50 mil, será aberto à participação de outros familiares. ?Nosso objetivo é investir no longo prazo, o que pode ser bastante lucrativo?, diz o empresário.
O modelo do clube de investimento em ações, que surgiu no mercado brasileiro em setembro de 2002, oferece uma série de vantagens que ajudam o investidor a multiplicar o patrimônio. O primeiro deles é o benefício tributário sobre a compra e venda de papéis feita pelo investidor que administra a própria carteira. Hoje, esse investidor precisa recolher a alíquota de 0,005% do Imposto de Renda sobre cada negociação com os papéis. O imposto só é cobrado, no entanto, para transações que ultrapassam R$ 20 mil. Abaixo desse valor, há isenção total da alíquota. Se o dinheiro estiver alocado num fundo de ações, o Imposto de Renda cobrado para a transferência dos recursos é de 15% no resgate das cotas. Para saques de até R$ 20 mil por mês, a isenção continua valendo. ?Esse benefício serve para que o investidor possa montar seu clube sem ônus na transferência do capital?, diz Maurício Gallego, da Link Corretora. A empresa tem cinco clubes familiares em operação, com patrimônio de R$ 30 milhões.
Um clube de investimento também oferece vantagens frente aos fundos de ação em relação às taxas. Nos clubes, os custos se resumem às taxas de administração, corretagem e de performance. Num fundo de investimento, há também os custos de publicação de balanços, taxas da Anbid e CVM (entidades reguladoras do mercado), custódia e auditoria. A vantagem, porém, só é válida para clubes com patrimônio até R$ 5 milhões . A favor dos clubes há ainda o fato de que o cotista pode ser co-gestor da carteira, com mais liberdade para trocar os ativos. ?O clube é mais flexível?, diz Giácomo Leonardo de Oliveira, coordenador de varejo da Spinelli. ?Além disso, é melhor para quem não consegue ter acesso aos produtos exclusivos dos grandes bancos?, analisa. ![]()
R$ 6,5 bilhões foi o patrimônio atingido pelos 1.266 clubes de investimento listados na Bovespa até setembro de 2005 |