Qual é o estilo de se vestir do homem contemporâneo? A resposta é complexa. Diferentemente das mulheres, a grande maioria do público masculino não segue as cartilhas do mundo da moda. No entanto, a mais nova grife brasileira, a Jack the Barber (Jack, o Barbeiro, em português), pretende mudar isso. A empresa, lançada discretamente há dois meses, é a primeira do e-commerce dedicada a atender exclusivamente os homens, com modelos raramente encontrados no varejo tradicional. A ambição é atrair parte dos consumidores que hoje frequentam as lojas de marcas como Ralph Lauren, Tommy Hilfiger, Brooksfield e Noir, da Le Lis Blanc.

“Os homens buscam roupas bonitas, mas sem, necessariamente, estarem presos à sazonalidade da moda”, diz Guilherme Paulino, sócio da Jack the Barber. Para viabilizar sua empresa, Paulino recebeu um aporte de aproximadamente R$ 5 milhões proveniente de 13 investidores-anjo que, em sua maioria, atuam no mercado financeiro, no qual trabalhou por 18 anos. “Consegui uma rede de contatos muito boa”, diz. A inspiração surgiu a partir de um episódio frustrante pelo qual ele próprio passou há dois anos, quando tentou comprar uma calça no varejo de rua. Ao experimentá-la, o empresário viu que a peça servia na cintura, mas sobrava demais nas pernas.

Por isso, teve de deixar a roupa na loja para que fosse ajustada. Quando voltou para buscá-la, Paulino notou que a barra estava malfeita. “Perdi 15 dias para resolver algo simples”, diz. “Decidi criar uma loja com uma numeração mais completa.” Em junho deste ano, Denis Strum, ex-diretor de marketing da Westwing, e-commerce especializado em produtos para residências, entrou no projeto. “Foi difícil convencer os fornecedores a fabricarem roupas em três padrões de tamanho diferentes”, diz Strum. A Jack the Barber, ao contrário da maioria das varejistas, tem numeração de pernas, cintura e largura da calça.

Para o consultor de varejo Alberto Serrentino, sócio-fundador da Varese Retail, oferecer mais opções de tamanho é uma vantagem em relação à concorrência, porém a grife enfrenta uma concorrência acirrada. “A Ralph Lauren e a Tommy Hilfiger são varejistas cujo conceito de moda é similar ao da Jack the Barber”, diz Serrentino. Paulino e Strum estão confiantes. Com um tíquete médio de R$ 400, contra R$ 125 do e-commerce em geral, os sócios esperam faturar R$ 5 milhões em 2015.