Desde criança, o bilionário sul-africano Elon Musk já mostrava seu lado empreendedor. Aos 12 anos, ele criou um jogo de videogame e o vendeu para uma empresa de seu país, por US$ 500. De lá para cá, foram inúmeros outros negócios. Aos 28 anos, ele se tornou um milionário ao vender sua primeira empresa, a Zip2, para a fabricante de computadores americana Compaq, comprada pela HP. Três anos depois, vendeu o PayPal, que processa pagamentos pela internet, para o site de comércio eletrônico eBay, por US$ 1,5 bilhão. Atualmente, sua fortuna é estimada em US$ 2,7 bilhões. Musk, no entanto, não é um empreendedor comum. 

 

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Elon Musk: com sua fábrica de foguetes, a SpaceX, o empreendedor

serial quer chegar a Marte

 

Nascido em Pretória, na África do Sul, Musk, filho de um engenheiro e uma nutricionista, especializou-se em criar negócios que, aos olhos da maioria das pessoas, podem parecer meros devaneios de um bilionário excêntrico. Entre eles, está uma montadora de carros elétricos, a Tesla Motors, e uma empresa de transporte espacial chamada SpaceX. Não é à toa que Musk, que é formado em física e economia pela Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, recebeu a alcunha de Tony Stark dos negócios, em uma referência ao personagem principal do filme Homem de Ferro, um multibilionário, filantropo e cientista que, nas horas vagas, atua como super-herói, interpretado pelo ator americano Robert Downey Jr. 

 

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Suas tacadas incluem a tesla, montadora de veículos esportivos, 100% elétricos.

Bonito, veloz e com grande autonomia, o modelo s conquistou os americanos

 

Na semana passada Musk apresentou sua mais nova invenção, o Hyperloop. Trata-se de um meio de transporte que promete ser mais rápido que um avião e dez vezes mais barato que um trem-bala. Delírio? Talvez. Mas, a julgar por suas outras experiências, é possível afirmar que, daqui a alguns anos, a chance de o Hyperloop se tornar uma realidade é grande. Isso porque entre as suas excentricidades não está a de rasgar dinheiro. Mesmo fora do padrão, as empresas de Musk dão lucro. A SpaceX, por exemplo, fechou um contrato com a Nasa, em 2006, no valor de US$ 1,6 bilhão, para transportar astronautas para a Estação Espacial Internacional (ISS). A companhia atua nesse segmento há dez anos. 

 

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A Spacex fechou contrato com a Nasa no valor de US$ 1,6 bilhão para

fazer 12 viagens espaciais e abastecer a estação espacial internacional

 

Já a Tesla, apesar de ter passado por dificuldades, fechou os últimos dois trimestres no azul. Ela vendeu um total de 5.150 veículos elétricos, mais do que a meta de 4.500 unidades. A companhia também tem feito dinheiro vendendo créditos de carbono para outras montadoras. A ideia, agora, é aumentar a produção do modelo S, que custa a partir de US$ 63 mil. Diante desses feitos, o mercado tem ficado atento não só aos resultados das empresas de Musk, mas também ao seu próximo movimento inovador. No caso do Hyperloop, ele já deixou claro que quer fazer o protótipo. Mas, se não houver interessados, vai bancar o projeto sozinho e viabilizá-lo através da Tesla. Especialistas em negócios são unânimes em afirmar que Musk é um caso raríssimo de empreendedor disposto a assumir riscos muitas vezes incalculáveis. 

 

“Empreendedores em geral se dedicam a um negócio apenas, e não a vários ao mesmo tempo, como ele faz”, afirma Marcelo Nakagawa, professor do Insper. “Ele é apaixonado pelo risco.” Para Tales Andreassi, coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), Musk não é apenas um empreendedor serial. “Ele está mais para um empreendedor schumpeteriano”, afirma o professor, fazendo referência à teoria do economista austríaco Joseph Schumpeter, que define o empreendedor como um agente de mudança na economia. “Ele rompe com a ordem vigente, ultrapassa limites.” 

 

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As empresas do sul-africano também mostram que a iniciativa privada pode ser bem-sucedida quando se trata de negócios complexos e perigosos, que demandam megainvestimentos em pesquisas. O caso da SpaceX é emblemático. Enquanto a Nasa, a agência espacial americana, tem gastado montanhas de dinheiro público para construir foguetes, a SpaceX conseguiu fazer o mesmo com muito menos recurso. Esse foi um dos motivos que levaram a agência a contratar a empresa de Musk, que deverá fazer 12 viagens para abastecer a Estação Espacial Internacional. A conquista do espaço é um sonho antigo do empreendedor, que em sua juventude construía foguetes com fogos de artifício. Musk é também um entusiasta de projetos de exploração de Marte. Recentemente, ele afirmou que gostaria de ser enterrado no planeta vermelho. 

 

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