A despeito dos avanços recentes, a questão da integração dos trabalhadores afrodescendentes segue como uma espécie de tabu entre as empresas brasileiras, a julgar pelos resultados da pesquisa “Perfil Social, Racial e de Gênero dos 200 Principais Fornecedores da Prefeitura de São Paulo,”, que será divulgada nesta quinta feira 28, em São Paulo, com a participação do prefeito Fernando Haddad. 

Executado pelo Instituto Ethos, em parceria com a Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial, o trabalho, que foi patrocinado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), tem como foco quatro grupos considerados vulneráveis no ambiente profissional – mulheres, negros, portadores de deficiências e pessoas com mais de 45 anos. 

Num universo de 4,9 milhões funcionários das prestadoras de serviços e fornecedoras da prefeitura paulistana, os negros continuam como os mais vulneráveis no mercado de trabalho: apenas 8% das empresas que estão preocupadas em promover a igualdade em seus quadros revelaram ter políticas de integração e promoção para esse grupo, contra 28,3% destinadas a portadores de deficiências, 17% para mulheres e 9,4% para quem tem mais de 45 anos de idade.  

E mais: somente 6% das duas centenas de empresas entrevistadas têm medidas para incentivar e ampliar a presença de afrodescendentes em seus diferentes níveis hierárquicos. “A Prefeitura de São Paulo já consolidou o programa de cotas raciais no serviço público”, afirma o secretário municipal de Promoção da Igualdade Racial, Maurício Pestana. “Agora, com esse levantamento, podemos construir ações articuladas com outros geradores de emprego para a inclusão do negro também no setor privado.” 

Como mostra a pesquisa, homens e mulheres negras continuam relegados à base da pirâmide, com salários inferiores aos de seus colegas de outras raças e com escasso acesso a postos de responsabilidade na hierarquia corporativa.